sábado, setembro 30, 2006

Casa do Cidadão

Fui com William a procura da Casa do Cidadão, precisávamos de novas carteiras de identidade. Nota dez para o serviço, nem parece Serviço Público. Depois de uma hora, recebemos as novas carteiras e sem gastar um tostão.
Mas aconteceu um fato que me fez refletir um pouco. Na recepção, me informei dos documentos necessários e a jovem recepcionista, me perguntou de um jeito engraçado: você é casada no papel? Tentei me conter para não rir. Entreguei minha Certidão de Casamento e enquanto esperava o atendimento, fiquei pensando: sim, sou casada no papel e na igreja mas isso é o que menos importa. Importa o amor, o tesão, a camaradagem, a cumplicidade, o aprendizado, as afinidades, as diferenças, as pazes depois dos desencontros, a lealdade, as alegrias compartilhadas, as lágrimas choradas, as preocupações divididas. Na verdade, pouco precisei desse papel.
Histórias vividas que nunca serão definitivamente escritas, porque eternas.

quarta-feira, setembro 27, 2006

De Lourdes era alta, magra, elegante, olhos pretos, lábios grossos e muito bem delineados, cabelos crespos. Não sei precisar quanto tempo trabalhou na casa do meu avô, era considerada por todos uma exímia cozinheira, mas, nas minhas doces lembranças ela era mesmo uma exímia cantora. Sua voz era afinada, doce e sempre despertava a atenção da menina de sete anos que, com ela, começou a aprender a gostar de boa música. Sempre estava cantando enquanto trabalhava, e eu ficava sentadinha, ouvindo com atenção as suas interpretações... Lupicinio Rodrigues era o seu preferido, Antonio Maria, Xico Alves, Noel Rosa, Orlando Silva e outros. O meu preferido ficou sendo o Noel.
Tenho a sensação de que os adultos daquele casarão não prestavam muita atenção a menina, com exceção dos horários da escola, alimentação, roupas, banho... Quando as madrugadas eram frias, era na rede dela que eu me acolhia. Quando fazia os doces de leite naqueles tachos de ágata vermelho, era minha a preferência para raspar a panela do doce ainda quentinho e nunca se aborreceu com a menina inquieta, que queria a todo custo aprender todas as letras cantadas por ela.
Quando fiz quinze anos ela veio morar conosco em Fortaleza durante algum tempo, depois foi trabalhar em Brasília e, em seguida, Blumenau, onde mora com filhos e netos. Penso que já deve ter seus setenta e alguns anos, mas segundo sua filha, ainda continua cantando e certamente afugentando com seu canto os dias frios daquela bonita cidade.
No ano passado mandei para ela o livro "Nós, os estudantes", de Mariano, e me senti feliz quando ela, ao agradecer, assim falou:" Ele é o primeiro escritor da minha família." Mariano também aprendeu com ela e ainda hoje, quando estamos juntos que toca alguma música que nos faz lembrar daquele tempo, Mariano solta aquela gargalhada que só ele sabe dar.
De Lourdes, você é uma das muitas lembranças que guardo com cuidado na minha caixinha de saudades.

Escrevi este texto há dois anos. Há poucos dias soube que De Lourdes virou mais uma estrela. Estrela cantante.

sexta-feira, setembro 22, 2006

"Ao te perder,tu e eu perdemos.
Eu porque tu eras quem eu mais amava
E tu porque eu era quem te amava mais.
No entanto, de nós dois, tu perdeste mais que eu,
porque eu poderei amar a outra como amava a ti,
mas a ti não te amarão como te amava eu.”

Ernesto Cardenal

Este poema faz parte da crônica "Falando de ex-amor",Jornal " O Povo"
Airton Monte assim escreveu:
"Quando o amor acaba, mesmo, ninguém ganha, ninguém perde. Apenas nos livramos de uma presença incômoda. Às vezes, nem é triste quando o amor acaba. É mais um alívio, um desafogo, e você sabe que é definitivo. A palavra definitivo é como uma porteira na alma e você se torna o dono de todos os caminhos. Quando o amor acaba, não se reconhece mais na pessoa que foi amada, a pessoa que se amou.
Todo ex-amor vira um desconhecido, alguém que jamais se conheceu um deserdado da memória. Quem outrora tudo foi agora é nada. Quando o amor acaba, mesmo e pronto. Simples assim, feito morrer. O encantamento se desfaz, a magia se rompeu, uma estrela esfriou, um barco partiu do cais sem os portulanos da volta. Nada fica, nada resta,nada permanece do ex-amor.
Nem saudades, nem dores, nem lembrança de um carinho antigo, um prazer extinto.A memória nos trai e o rosto do ex-amor se confunde com o rosto de outros ex-amores que passaram, um belo dia."
Discordo do cronista. Cada ex amor deixa um pedaçinho de saudade, de um sorriso, de um abraço, de uma noite enluarada, que a memória não apaga. A cada amor acabado, aprendemos mais, dividimos experiências, e, se nada restou, absolutamente nada, é porque não foi amor.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Quando Mariana viajou para o Canadá me deixou de presente uma assinatura da Revista TPM. Algumas pessoas identificam a revista como revista feminina. Não é. É para todo tipo de público. Me apaixonei e já renovei a assinatura. A TPM de setembro me traz uma crônica da Milly Lacombe que achei maravilhosa e vou deixar aqui. Vou curtir cada frase digitada

POR QUE NÃO NOS DEIXAM CAIR ?

Olho em volta e vejo meus amigos crescidos, mas andando de mãos dadas com as crianças que foram. Gostaríamos de ter aquele adulto de segurança na nossa cola, aquele que vai,todo curvado e atento. Uma simples ameaça, de tropeço, e a mão está pronta para o resgate. A partir daí, para sempre precisaremos saber que seremos amparados a cada tropeço.E essa infernal necessidade de segurança aniquila nossa liberdade. Por que não nos deixam cair? Somos, antes de mais nada, animais livres, e a liberdade é, para cada um de nós, mais visceral do que a segurança. Ou deveria ser. Porque a vida é feita de levantar, lamber a ferida e seguir. Não estaria a felicidade na coragem de trocar segurança por liberdade ? Na ousadia de abrir mão de convenções e detritos morais pelo que queremos ser e viver de verdade? Em um simples beijo, roubado em um domingo de manhã, da mulher que se ama na mesa da padaria? Em receber, no meio de uma reunião chata, uma mensagem pelo celular com apenas três palavras que vão nos fazer sorrir? Felicidade é dançar sozinha na sala sem ninguém por testemunha, sem motivo aparente. É pedir demissão quando o tesão acabar, mesmo sem ter outro emprego. É fracassar e não ter vergonha de admitir, simplesmente porque não existe quem nunca tenha fracassado. È saber que somos fracos e pequenos, e, ao mesmo tempo, fortes e gigantes. Que somos biologicamente idênticos, e por isso não existe entre nós os que são melhores e os que são piores. Mas também saber que somos absolutamente diferentes uns dos outros. e que a beleza está nesses pequenos espaços que nos distinguem, e não no que temos em comum. Felicidade é se deixar levar pelo coração e fazer com que a cabeça seja subordinada a ele, e não ao contrário. E não se prender à tradição, é questionar a moral do mundo, um mundo cujos valores são tão tortos que é capaz de limitar e punir o amor, mas não a guerra.
Felicidade é entender que andamos todos pela rua, numa segunda-feira qualquer, machucados, feridos, torturados. Que somos bichos cheios de traumas. Que cada um de nós possui um segredo mais dolorido que o outro. Mas que não existe vida sem dor. Pelo menos não o tipo que valha a pena ser vivida.
Felicidade é olhar no espelho e ver nosso rosto envelhecer. Com todas as marcas que nele cabem. E entender que envelhecer é a única opção agradável. Porque a outra, convenhamos, me parece bem pior. E, já que a viagem é curta, é preciso arriscar. Sempre. E saber que não existe um manual que nos ensine a ser feliz. Mas que, sofrendo, amando e arriscando, estamos construindo nossa cartilha de crenças. Uma cartilha que é individual. E que, mais cedo do que tarde, ela nos libertará. Porque somos, na essencia, sozinhos e livres.

domingo, setembro 17, 2006

Lembranças

O pássaro era um galo campina, que algumas pessoas chamam de "Cabeça Vermelha". Viera lá das bandas do Sertão dos Inhamuns. Presente da avó amiga e dedicada ao primeiro neto.

O pessoal da casa vibrou em solidariedade à alegria do pequenino, e eu, como mãe da saltitande e alegre criança, passei a cuidar do pássaro, que nos acordava a cada manhã com seu bonito canto, nos encorajando para enfrentar um novo dia de trabalho.

Passaram-se meses e o menino inquieto em descobrir as coisas da vida, insistia que lhe entregassem a gaiola, queria ver de pertinho, como dizia. Colocava seus dedinhos entre os arames querendo segurar o pássaro e senti-lo seu.

Um dia, ao voltar do trabalho, encontrei a gaiola vazia. Perguntei o que havia acontecido e ninguém respondia. Perguntei então ao meu filho, que com seu jeito angelical me respondeu: "Mãe, mandei ir embola, ele disse que já estava tliste de tar pleso."

Não comentei, não reclamei, mais senti falta e por vários dias olhando a gaiola vazia imaginava o pássaro solto e alegre nos galhos de uma árvore florida, dividindo seu canto com a natureza.

quinta-feira, setembro 14, 2006

"Mãe ,onde está minha medalha?"
"Mãe, onde está minha caneta?"
Respondia com tranquilidade:No bolso do paletó do seu pai, minha filha.
Pequenina me acostumei a conviver com aqueles paletós pendurados no guarda-roupa.
Eles me transmitiam sentimentos vários: respeito, amor, cuidado.Na minha imaginação aqueles paletós guardavam segredos, tesouros. Já era natural encontrar as coisas nos bolsos do meu pai. Não entendia que aquele ritual me fortalecia sentimento de segurança diante da ausência dele. Era como um alívio, era uma certeza, meu pai vivera ali, sua presença não era física, mas tinha um sentimento concreto de que ele ainda nos pertencia. Seus livros, o material de desenho, canetas, retratos. A convivência com seus objetos sem a sensação de tristeza. Depois de alguns anos, os paletós já não estavam mais no guarda-roupa, minha mãe achou que já tinham cumprido a sua missão. Esse gesto materno vindo de uma mulher com apenas 25 anos, sem nenhum conhecimento de psicologia, brotava do seu interior com uma sensibilidade perceptiva, que foi muito importante para mim. Mulher guerreira em todos os sentidos, viveu sempre adiante do seu tempo, já escrevi muito sobre ela. Quando meu pai se foi, eu tinha apenas seis meses, mas sempre me senti como se tivesse convivido com ele. Sei toda a sua história, extremamente solidário, inteligente, alegre,inquieto, curioso, amante da leitura. Tenho alguns textos escritos por ele, era fotógrafo amador talentoso, trabalhava incessantemente pelo desenvolvimento de sua pequena cidade, promovia festas, coordenava um Centro Literário. Seu coração imenso estava sempre disponível para ajudar a quem dele precisasse. Naturalmente que tinha defeitos, mas suas virtudes eram tantas... Não ouvi suas histórias só de pessoas que o queriam bem. Viveu intensamente seus vinte e sete anos. Durante muitos anos, sempre que ia para as férias em Tauá, recebia muitas visitas de pessoas que o amavam muito. Cada um falava de sua história e da importância de meu pai para elas. Abraçavam-me como se aquele gesto carinhoso pudesse aliviá-los de uma saudade que ainda carregavam no coração.

terça-feira, setembro 12, 2006

Era madrugada e encontrei a Milena debruçada na janela. O vento frio entrava na sala e fiquei observando-a por alguns instantes. Dorminhoca como é... o que estava acontecendo? Me aproximei e indaguei: está triste, preocupada? Não, mãe, estou observando aquele homem. A pracinha estava iluminada e lá estava ele, andava rápido, circulava a praça, falava com as árvores, gesticulava, catava alguma coisa no chão que não existia, parava e começava tudo novamente. Apesar de tantos movimentos, seus gestos eram lentos, sem pressa. Parecia não sentir frio. No chão, um saco que parecia carregar roupas. Era um ritual que só ele era capaz de entender. Céu estrelado, silêncio acolhedor, tudo tranqüilo. Vamos dormir, está tarde. Ela sorriu e me olhou silenciosa.
Já sei. Quer levar uma merenda para ele.
Sorriu aliviada e fomos preparar leite quentinho com nescau, sanduíche de queijo, bolachas cream crack. Perguntamos o porteiro se o conhecia
É a primeira vez que aparece por aqui.
Atravessamos a rua calma, mas o coração batia acelerado. Fomos nos aproximando devagarinho. Era alto, branco, roupas mal arrumadas, mas limpas. Nos olhou e ficou parado. Olhos azuis, olhar profundo que nos comoveu. Colocamos a comida perto dele. Tome, o leite está quentinho. E fomos nos afastando com receio. Quando já estávamos atravessando a rua, ouvimos algumas palavras que não compreendemos e em seguida falou: Tenho feijão, quer? Nos impressionamos como, em meio à distância, havia um gesto de pronta solidariedade.
Voltamos à janela. Sentou no batente e calmamente examinou a merenda. Cheirava e colocava no chão seguidas vezes. Tomou o leite com as bolachas e o sanduíche ficou esquecido na calçada. Olhava o copo na luz e ficava rolando... rolando. Voltou para o seu ritual. Falava com a árvore, catava coisas no chão que não existiam, gesticulava... Ficamos conversando até quase o amanhecer. O sono passara. Quem seria ele, de onde viera, o que significava aquele ritual no seu mundo distante? Eram muitas perguntas que não podíamos responder. Várias vezes quando olhava as noites calmas e frias procurava aquela imagem na praça do homem desconhecido e anônimo, mas que, apesar da loucura aparente, tinha um olhar profundo que nos comoveu. Nunca mais apareceu. Deve estar fazendo outros rituais, em outras praças.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Amor de Deus

Meus queridos Daniel e Mari,


Gostaria de poder saber descrever prá vocês a missa do Ricardo. Mas não sou capaz de fazer isso, não encontro as palavras . Deus não é o responsável por esses acontecimentos que trás tanto sofrimento para seus filhos, mas Ele escolhe o caminho, a direção, para encaminhar aqueles que sofrem, porque o seu amor é infinito. Cada um tem o seu modo de acreditar numa força além da compreensão humana, muitos não sabem o nome desta coisa. Não tenho hábito de frequentar igreja, não sou chegada aos rituais, mas tenho um profundo sentimento de crença n esse Pai que nos ajuda e nos protege. Esse Pai colocou uma pessoa no caminho para tentar aliviar essa dor. O padre Bernardo ( o conhecemos há muitos anos, ele é que celebrou a missa que a mamãe organizou nos 15 anos do Jonas, é uma pessoa do mundo, trabalha na favela)é amigo do irmão da Lana e esteve no velório a noite, celebrou a missa de corpo presente e foi escolhido pelo Flavinho para a missa de hoje. Ele soube colocar a dor humana, o sofrimento real, com palavras escolhidas com perfeição, soube tocar o coração de cada um. Vamos torcer para que o Flavinho,o Dau, Sergio, Carlão e a Gabi consigam deixar que esse Deus diferente, esse Deus humano de que fala o Bernardo encontre acolhimento no coração deles. As pessoas se vão e deixam seus pedaçinhos e levam pedaçinhos da gente. O coração doi, arde de verdade, dias é como um mar enfurecido, revolto, outros dias aparecem ondas mais calmas, meio preguiçosas, mansas, aproveitem essas ondas calmas e deixem que permaneçam nos corações de vocês. Como disse a Marisa na mensagem do ramalhete dos primos" Ricardo, você será o tesouro precioso da nossa arca" ( era mais ou menos assim) e a arca de vocês,ficará mais rica, porque vocês serão ainda mais unidos, mais solidários, porque a dor da perda se fundirá em um amor maior. Estou meio confusa, passei o tempo todo escondendo a tristeza, para que a mamãe não note nada, está aqui do lado, sem saber do que está acontecendo. Estou pertinho de vocês.

Dê um beijo especial na Bel, sei que foi muito dificil prá ela ajudar nessa hora. Beijo também prá Leninha a Inês e o Danielzinho.

com carinho,

tia Rita

beijo no coração





Dani querido,

Mande esse email para a Marisa, Maíra,André,Pitt e a ,Mila estou sem os endereços da primarada.



Beijo grande

quarta-feira, setembro 06, 2006

Nosso peixinho

Raquel Chaves


06/09/2006 03:23 - No Jornal O Povo


O Ricardo era da Gabi, do Té, do Carlão, do Dráulio. E era o menino da Marreca e do Flavinho, respectivamente a "mãe perfeita" e o "paizão". Palavras dele. Só que o "Cadão" também era de todos nós. Falando de forma simples, como ele costumava ser, era "dado". Doava-se a gente e bicho, a beijos e abraços. E havia quem reclamasse? Entregava o sorrisão moreno e largo sem pedir nada em troca.

"Ele está vivo. Ele é quase um peixe" - foi o que ouvi e no que acreditei enquanto se procurava por ele. Cadão era um peixinho desde os tempos dos açudes de Juatama, pelas bandas de Quixadá. Corria e nadava solto, frouxo, mágico. Do tempo em que enchia a gente de massagens em troca de um simples real. Se a moeda não viesse, pendurava-se a conta, pagava-se com beijinhos e carinhos sem ter fim. Ele cresceu ao tempo em que eternizou a doçura.

A uma semana de seu mergulho eterno, nosso peixinho escreveu que respirava melhor embaixo d´água e fez sua última declaração ao fundo do mar. Para ele, 20 metros oceano abaixo era algo como a própria casa. Era lá que ele observava a natureza que amava e os seus habitantes, que deveriam pensar: "Que bicho estranho é esse com essas nadadeiras gigantes?!?". Assim Cadão também escreveu, antes de mergulhar pela última vez, dessa vez, sem suas nadadeiras mágicas.

RAQUEL CHAVES é repórter do Núcleo de Cotidiano

(Estou sem condições de escrever, mas esta crônica diz muito do Ricardo]

sábado, setembro 02, 2006

O Baú

A sala ficou diferente. Ele foi colocado na sua entrada, junto ao cabide espanhol e alguns retratos de pessoas queridas.
Silencioso, acolhedor e senhor de tantas histórias, histórias de amor, desamor, alegrias e tristezas. Cada vez que o procuro, encho o coração de uma saudade gostosa. Partilha comigo os segredos dessa família inquieta e barulhenta.
Alguns já se foram e nos deixaram herança de momentos alegres, outros casaram e construíram suas vidas, outros, depois de descasados, se afastaram... Veio de longe e não conhecemos suas próprias histórias e às vezes me pergunto: Quantos anos tem este baú? Por onde já passou? O que guardaram nele? Papéis? Roupas? O quê? A única certeza que tenho, porém, é de que ele nunca foi tão feliz como nesta casa, porque guarda milhares de imagens. Imagens que eternizam as nossas histórias.