sábado, agosto 26, 2006

Estou fazendo uma geral nos arquivos e encontrei esse texto que Mariana mandou pro Jonas. Vai ficar na pasta onde guardo todas as" minhas alegrias escritas" por mim por eles e também por outras pessoas com as quais compartilho a caminhada da vida.



Meu amor,
Fiquei muito feliz com o que a mamãe me disse ontem, da sua quase certa saída da Roche.
Sei que agora tudo vai parecer mais fácil/mais difícil. Vou aprendendo aos poucos que tudo no mundo é assim -- ou quase tudo -- existe o preço -- ao mesmo tempo que você vai trabalhar muito mais, vai também alçar outros vôos e ter outras responsabilides, e dar a oportunidade a um monte de gente de aprender com você...
Sei que sair de casa 6h da manhã pode não parecer a melhor coisa do mundo, também. Mas você sabe mais do que eu que essa escolha para ser A CERTA só dependia de você querer que fosse. Que ninguém sabe ao certo se os caminhos que escolhemos tomar podem ser categorizados por deus ou pela natureza como certos ou errados. Acho que o trabalho do talento, a dedicação, a batalha, a ambição (sempre! e do bem!) fazem todos os caminhos escolhidos com sensatez serem O CAMINHO CERTO.
Parabéns por tudo. Pela sua Margarete linda, que cada vez tem demonstrado mais competência em seu ofício de gestora dessa família... que tem apoiado você nas suas escolhas desde a primeira mudança, e que o ama tanto. Parabéns pelos seus filhos, tão inteligentes, tão maduros, tão bons, e pela Mariana, esse pinguinho de gente tão danado que já aprendeu as artimanhas de conseguir o que quer com um beijinho...
Parabéns pelo novo trabalho, por fazer parte de um mundo do qual poucos fazem... Não o mundo dos wealthy, você sabe que não é nada disso que estou falando, mas o mundo dos felizes... dos que podem escolher, dos que não se acomodam, nem que aos olhos dos outros parecesse um pouco arriscado.
Quem de nós não corre riscos? Que alegrias chegam a nós sem nenhuma aposta arriscada?
O mais legal de tudo é não precisar passar para você palavras de confiança, de avante, de sucesso. Você tem de sobra. E sem ser presunçoso, sem ser prepotente. É muito fácil amar você, admirar, ser sua irmã. Muito fácil chorar de saudade quando eu penso em você, quando eu penso que você mora tão longe e ao mesmo tempo logo ali -- pior seria se pior fosse (Estados Unidos?). Aliás, nem seria pior... Só mais longe. Mas aí, de novo, começaria o ciclo das escolhas e das coisas cujos muitos lados nos fazem pensar em por que escolhê-las...

Com muito amor, diretamente da terra do sol quente, do céu azul, do banho de mar morno e das férias,

Mariana

Ah.... Estou lendo um livro do Nietzsche, que tem uma frase falando em saudade que me lembrou eu mesma, e conseqüentemente, você. Neste trecho ele tentava definir o que é saudade (homesickness, para os americanos infelizes que não usam a palavra saudade).

"An urge to be everywhere at home"
ou então, eu traduzo de novo:
"An urge to be at home everywhere".
Pense nisso quando pensar em saudade!

Te amo.
26 de maio de 2006

quinta-feira, agosto 24, 2006

O vento bate no meu rosto e me presenteia com o perfume dos eucaliptos que dançam tão próximos da janela... Trazem boas lembranças que falam de saudade. Saudade dos meus meninos que estão quase paulistas e que nos dão tantas alegrias. Mariana já ampliou o vocabulário e já fala vó, quando quer. Hoje cedinho a outra Mariana me abraçava e eu ouvia as batidas aceleradas do seu coração. E a saudade não é só dos que moram fora não, é das conversas sem pressa, das risadas que passeiam pela casa. A casa está muito silenciosa, sinto falta do barulho, mas é muito gratificante ver os filhos crescerem e lutarem para conseguir acertar os seus caminhos. O tempo está apertado para as meninas, Mila tem a noite livre mas a Mari está com tres expedientes, querendo que o dia tenha 48h.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Ela voltou, enfrentou a viagem com coragem e fortaleza, foi resolver as pendências burocráticas no outro País. Falava sempre:" preciso ir, preciso encontrar meu filho, seus objetos me falarão da sua história." Chegou assustada,trêmula,segurando o carrinho da bagagem. As lágrimas molhavam as malas que traziam pedaços da história do seu menino. Livros,cds, algumas camisas, seus tantos tabuleiros do jogo de xadrez. Foi em busca de um encontro de saudade,perguntas sem respostas,precisava completar um ciclo necessário para aliviar a sua dor. Ninguém será capaz de imaginar a dor dessa mãe coragem.Sua dor, seu choro e seu coração partido. Consolada por tantos amigos portugueses que lhe contaram histórias de amor e amizade, histórias da vida. O menino se foi de repente, sem aviso, sem medo, em busca da tranquilidade, ao encontro das estrelas. Sua partida não foi uma desistência mas uma concretização da busca pelo encontro com o Senhor.


Mirone minha irmã amiga querida,
Não encontro palavras para descrever as lições que você nos passa a cada dia. Continue cultivando seu amor de mãe saudade , mãe guerreira , mãe coragem.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Subimos a serra na manhã de sexta-feira em busca do Sítio Salamanca. No caminho encontramos Nagélia e Nailton em um restaurante próximo a Redenção, que nos esperavam para o almoço. Restaurante simples, comida caseira e gostosa, onde ficamos sem pressa, sem relógio. Só chegamos ao paraiso às 16h30. O frio nos recebeu prometendo uma noite aconchegante e Nagélia para não fugir a regra nos preparou um jantar delicioso. Pedro Henrique, Sandra, Paulinho e Edna chegaram quando a noite já caminhava para a madrugada e mesmo assim, ainda enfrentamos uma rodada do pontinho, jogo que curtimos nas noites serranas. No sábado o grupo cresceu com o Maninho, Fernanda, Lucas, Jara, Celinha e Lilia. Vinho farto, banho de bica para os mais afoitos, jogo de baralho, caminhadas, violão e cantorias, o grupo é animado... À noite, fizemos serenata na casa dos nossos vizinhos Junior e Andreia. Luzes apagadas e a lua brincava entre as ingazeiras e clareava a nossa alegria cantando todas, acompanhados pelo violão do Jara. Dona Mirian nos alegrou com sua presença e até cantou. Madrugada fria mas aquecida pelo elo que une essa convivência amiga.
Já é domingo, o vento frio acaricia meu rosto, a luz forte do sol brilha nas folhas das árvores num bailado indescritível, o vento passeia entre as árvores e traz um barulho de chuva, são os sons da sinfonia da natureza serrana. Daqui a pouco é hora de voltar...