quarta-feira, outubro 31, 2007

Rancho das Flores

Entre as prendas com que a natureza
Alegrou este mundo onde há tanta tristeza
A beleza das flores realça em primeiro lugar
É um milagre do aroma florido

Mais lindo que todas as graças do céu
E até mesmo do mar
Olhem bem para a rosa
Não há mais formosa
É flor dos amantes
É rosa-mulher
Que em perfume e em nobreza
Vem antes do cravo
E do lírio e da Hortência
E da dália e do bom crisântemo
E até mesmo do puro e gentil malmequer
E reparem no cravo o escravo da rosa
Que é flor mais cheirosa
De enfeite sutil
E no lírio que causa o delírio da rosa
O martírio da alma da rosa
Que é a flor mais vaidosa e mais prosa
Entre as flores do nosso Brasil
Abram alas pra dália garbosa
Da cor mais vistosa
Do grande jardim da existência das flores
Tão cheias de cores gentis
E também para a Hortência inocente
A flor mais contente
No azul do seu corpo macio e feliz
Satisfeita da vida
Vem a margarida
Que é a flor preferida dos que tem paixão
E agora é a vez da papoula vermelha
A que dá tanto mel pras abelhas
E alegra este mundo tão triste
No amor que é o meu coração
E agora que temos o bom crisântemo
Seu nome cantemos em verso e em prosa
Porém que não tem a beleza da rosa
Que uma rosa não é só uma flor
Uma rosa é uma rosa, é uma rosa
É a mulher rescendendo de amor

Há muitos dias que me pego cantando esta música.
Sei o porquê, aprendi com o tio Firmino, entrava em casa cantando... e a estrofe que mais gostava era "satisfeita da vida vem a margarida". Nos últimos cinco anos que ficou dependente do oxigênio, conversávamos muito, muito, contava tudo pra ele, histórias vividas, filhos, netos,amigos. Queria saber de tudo, aconselhava, as vezes passava um carão. Sempre tinha uma anedota engraçada a cada vez que chegava para visitá-lo. Era só tia Zelinda sair do quarto, e era a hora das histórias engraçadas , sem censuras. Estou sentindo uma saudade grande de contar sobre a novidade do casamento da caçula querida, que vai ser lindo, e ele certamente vai sorrir da minha alegria.

sexta-feira, outubro 26, 2007

Ela briga com o tempo. O tempo, sempre o tempo.
O neto caçula chega bem cedo e precisa da sua supervisão com a nova babá. Sempre rindo, dando cambalhotas na sua cama, querendo ficar de pé, antes mesmo de aprender a engatinhar. Descobrindo o mundo. Lindo, maravilhoso e a deixa sempre muito feliz, seus dias tem sido coloridos, mesmo que à tardinha quando ele volta pra casa, as costas doam e os ombros também. Ele pesa... mas o sono a prepara para o outro dia, e assim ficaremos até dezembro quando a mãe cuidadosa vai ficar de férias do trabalho.

A filha caçula vai casar, ao mesmo tempo em que ela se estressa com tantas coisas para resolver, sente um carinho imenso, em acompanhar a alegria dos dois, um amor escancarado. A cada noite, a olha dormindo e já sabe que, mesmo morando pertinho, vai sentir uma saudade danada das conversas, dos abraços apertados, dos aperreios, do quarto desarrumado. Todos os dias tem histórias pra contar, do trabalho, dos amigos, da rua, do mundo. As duas discutem cada detalhe da festa, da igreja, dos mimos, dos padrinhos, tudo é pensado junto e ela, a noiva, ainda reclama por mais atenção. E assim , os três já trilharam seus caminhos, e ela reza, todas as noites e todas as manhãs, agradecendo a Deus por tantas graças recebidas.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Sexta-feira cedinho saímos no rumo da Prainha. Lulu e Hesíodo nos esperavam para o fim de semana prolongado. Foi maravilhoso, a casa é bonita, acolhedora, e vasos com flores enfeitavam a casa para nos dar as boas vindas. Silvinha chegou em seguida com D. Heloisa. Nos outros dias, recebemos muitas visitas, Lourdinha e Eleonora, Ana, Pedro e sua namorada, Vitor e Virna, Paulo Marcelo e Renata, Zeca e Estefânia, Mila, Felipe, Aninha e Lucas, fazendo o seu primeiro passeio. Silvinha preparando o coração para receber o seu primeiro neto. Animada e feliz. A Maria comandou um cardápio tentador, e a "cerveja com colarinho" animou a turma. Fizemos caminhadas e conheci uma nova Prainha. Há anos que não andava por lá.

1963 , ano em que mamãe comprou a casa da Prainha. Durante muitos anos, foi refúgio da família, dos amigos e dos namorados. Nessa época, a estrada de Aquiraz à Prainha era de terra, muitas vezes fomos aos bandos, cortando os caminhos pelas dunas. Eram horas para chegar, tinha a parada para a merenda. O único meio de transporte era o jipão do peixe. Passávamos quase o dia na praia, subíamos para almoçar e às quatro horas, depois do banho de mar, esperávamos a chegada das jangadas e o pôr do sol. Caminhadas nas dunas também faziam parte da nossa programação. Tempo de alegria e felicidade. O peixe era sempre de primeira, pois o seu José da D. Menininha era pescador. D. Menininha tomava conta da nossa casa, tinha na época três filhos, a Cleide, a Clenice e o Clenildo, e que antecederam a chegada de mais nove. Mamãe ajudou muito na criação deles. Cleide foi babá do Jonas, com a devida supervisão da Julia, que por sua vez tinha morado conosco quando éramos crianças. Cleide também foi babá do Pedro e do Matheus logo que nasceram. E um entrançado de padrinhos e madrinhas, temos afilhados filhos de Cleide e da Menininha, mamãe e Rosa também são madrinhas.

Sexta à noitinha fui com William visitar a comadre Menininha, que já está com setenta anos com muitos netos e muitos bisnetos. Cabelo comprido, pele queimada do sol, mansa, tranqüila. Fala com carinho dos filhos e netos, conta histórias deles.
Foi uma alegria sem fim. Lembranças e mais lembranças. O compadre José já se foi há seis anos e a matriarca comanda todo o clã. Pedrinho e Larissa moram na Itália, filhos da Cleide. Todos trabalham, no Porto das Dunas, em Fortaleza, no Aquiraz. Cleide faz renda, trabalha no Centro das Rendeiras da Prainha. Foram muitas as visitas que recebemos deles, filhos, netos e bisnetos. Todos os domingos almoçam juntos e qualquer dia vamos participar desse almoço. Presente carinhoso que coloriu o nosso fim de semana, ver aquela família tão feliz e organizada.

quarta-feira, outubro 10, 2007

A semana começa agitada. A caçula da casa vai casar e são muitos os preparativos, e pouco tempo para programar. Graças a Deus o noivo é calmo, tranquilo e muito querido. Os dias da semana, renderam e já temos algumas coisas resolvidas. O bom da história é que ela sabe o que quer e como quer. Vai ser lindo esse momento tenho certeza. Ontem quando voltamos prá casa, encontramos flores e apesar do cansaço, escreveu essas palavras que quero deixar aqui o registro.
" Pisei em casa e encontrei flores em cima da mesa. o arranjo quase falava, daquelas rosas pigmentadas que, de tão lindas, parecem de mentira. carregam a perfeição do que a gente pensa que é fabricado. mas era a natureza todinha, em cima da mesa, com um cartão lilás, meio azul.
quando vi aquela letrinha me lembrei de todas as cartinhas que tinha recebido escritas de punho com uma caneta azul. são muitas. todas guardadas.
essa era um cartão falando de amor. como os outros. dessa vez um amor que se surpreende porque sua filha postiça de uma vez cresceu- vai se casar! entendi imediatamente que aquela era a partilha do casamento com a minha família que escolhi, e, de repente, a gente confirma o que vale na vida, o que é de verdade a delicadeza, e a tão desafiada palavra amor."
Gadelhinha também escreve bonito e seu cartão certamente ficará guardado junto as cartas que mandava de Moçambique, quando Mari ainda era uma criança.

sexta-feira, outubro 05, 2007

Lucas se preparando para dormir,
e a vó entre tantas letras, canta as Marinheiras do Fausto Nilo. Lindissima!

Quando for de tardezinha
minha companheira
na beira do rio. Lá nas marinheiras
meus olhos vazios
vão te espiar.

Lembra da lua saindo por trás
da palmeira
o rio é profundo e a dor traiçoeira
tem dedos macios
pra me pentear

Nunca matei passarinho
esse é meu segredo
que a água do rio não pode escutar
viver sem carinho me mata de medo
eu sei que outro bicho vai
te cobiçar
se a tua beleza adormece mais cedo
eu durmo com medo de nunca acordar
pois o teu cabelo me escorre entre
os dedos
e a água do rio vai te carregar

Acho que foi num domingo
foi no derradeiro
eu senti no cheiro nascer meu penar
um cego menino veio me contar

Trazendo a felicidade chegou um veleiro
nas cores mais lindas desse mundo inteiro
lá do meu terreiro eu pude avistar

Uma formosa senhora de olhar estrangeiro
que o meu sete estrelo pretende ofuscar
que luz irradia, arde seu cabelo
como um pesadelo a me condenar
num barco encarnado só sem paradeiro
onde um aventureiro só pensa em voltar
eu vivo a sonhar com o olhar feiticeiro
na água do rio na cor do luar

Nunca me espere no poço
lá nas marinheiras
eu era tão moço e sabia sonhar
morri num colosso nessa cachoeira
lá onde esse rio mudou de lugar
mudaram meu nome cortaram-se a veia
e eu durmo com medo de nunca acordar
pois o teu cabelo me escorre entre os dedos
e a água do rio vai te carregar.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Estou com muitos afazeres e não tenho tido muito tempo para escrever. Lucas está ficando o dia conosco, Mila voltou a trabalhar no dia 21 de agosto. Aninha é uma babá maravilhosa, adulta nos seus 21 anos, e alegre como são as crianças felizes. Não tinha experiência com bebê e para a nossa tranqüilidade, Mila e Felipe concordaram com o nosso pedido. Cedinho ele chega com Aninha, sempre sorrindo, já está quase sentando sozinho, ensaia os primeiros movimentos para engatinhar, conversa no seu dialeto que tentamos adivinhar, não aceita com prazer a mamadeira, não chupa bico, mas come de colher como gente grande. Enche a casa, nunca chora, presta atenção a tudo. Dorme pouco e são tantos braços para ele . Mari está deslumbrada com o afilhado, vovô William quase não quer sair de casa. Faço questão de banhá-lo, mas prefere dormir embalado pela Aninha, pouco tenho cantado minhas cantigas de ninar. Lucas traz uma luz para essa casa que a cada dia fica mais "clara", iluminando os caminhos das nossas vidas. Se não fora a saudade da família de São Paulo, seria tudo perfeito.
Mamãe está conosco desde o dia 19 , faz uma festa com o Lucas e é muito bom conviver com ela. Calma, tranquila e carinhosa. Sempre conta suas histórias e suas viagens.
Voltei a pintar minhas cerâmicas, quando estou mais folgada fico o dia todo no meu atelier improvisado, tenho também me lembrado muito do Raul, das suas aulas, das suas risadas. Estou com algumas encomendas. Criei um painel de casinhas que vão ficar lindos. Engraçado... há tempos que faço essa atividade como lazer, vendi pouquíssimas peças, umas dez talvez, mas tem muitas espalhadas por aí, em Guaramiranga nas casas do Pedro Henrique e da Sandra, e do Junior e da Andrea, em Tauá na casa do vovô, na Taíba na casa da Juci, na casa da Mari em Plaistow, no Sabiaguaba na casa do Louro, em Juazeiro na casa da Stelinha, na Alecrim Comunicação, na casa da Rosa, da Dayse, do Hesíodo, no buffet do Henrique e da Eveline, no Morro Branco na casa da Wal, na casa da Ângela e do Clóvis, na casa da Meire Celi. Vou começar também as peças para a casa da Mariana, que valoriza muito as coisas feitas pela mãe.
O mês de setembro chegou repleto de festas de gente querida. No dia primeiro voltamos de Tauá, onde tivemos um fim de semana maravilhoso. Didi me presenteou com uma escrivaninha que havia sido do meu pai. Nunca tinha sabido da existência dela. Era usada por ele quando tinha uma sala na Prefeitura, onde lia crônicas na amplificadora. Depois que papai morreu, foi usada pelo vovô no armazém. Estava guardada nos fundos da loja. Mandei restaurar pelo seu Lino, e a coloquei na sala. Está lindo! Arrumei as gavetas, gavetas que foram usadas pelo meu pai e pelo meu avô. É uma sensação maravilhosa, não sei explicar direito. Sinto como uma continuação, uma ligação, um pertencer, nem sei explicar.
No dia cinco, Reginaldo comemorou os seus cinqüenta anos, muito bem vividos por sinal. O Regi é uma pessoa que espalha alegria por onde passa. Trabalhou com William na Fazenda durante anos... era um "bon vivant" de mão cheia, fizemos muitas "farras" juntos. Até que, na Copa do Brasil em 1994, em um animado jogo na casa do Zequinha e da Susan, resolvemos de comum acordo com o amigo Carlão, apresentar Regi a nossa querida amiga Lúcia Forte. Regi precisava se "aketar" e Lúcia merecia um partidão. Hoje estão com doze anos de casados, o João Neto completou dez anos, e são muito, muito felizes. Merecia mesmo uma grande festa no seu aniversário. No dia sete, foi Mila e Marta nossa amiga que apagaram a velinha, a festa da Mila foi só com a família. No sábado oito, foi a vez do Henrique, afilhado, que comemorou no Eusébio com muitos amigos e foi ótimo. Até o Lucas nos acompanhou. O dia completou com uma surpresa maravilhosa, Jonas chegou sem avisar, é a sétima vez que vem esse ano, e nos deixa cheios de amor e energia nas poucas horas que se transformam em infinitas. No dia 12, foi a vez do Pedro Henrique, que fugiu para Redonda e ainda não o encontramos, resolveu com Sandra passear no litoral. Nesse mês de férias, já esteve nas Flexeiras, na Lagoinha, no Icaraí da Amontada, na praia da Baleia e terminou em Guaramiranga, isso é um aniversário arretado. No dia 15, foi o casamento da Mariana Forte e do Rômulo. A Mariana é uma das marianas da minha vida. Estudou com a Mila, desde o maternal, a paixão começou nesse tempo, e daí até hoje esse amor só faz crescer. Tenho muita admiração por ela, é forte no nome, é meiga, é terna, é segura, sempre soube o que queria. Somos "tia" e "sobrinha" e somos na verdade muito amigas. O casamento foi lindíssimo, do jeito que ela é. Nos fez uma surpresa na festa, que nos deu uma felicidade muito grande. No dia 18 foi o aniversário da Jocélia, do Pedro Guerra, e do Ivan, o afilhado. Comemoramos com a Jocélia no dia 19. Mila a cada mês do Lucas canta parabéns no dia 21, cantamos também parabéns para a Dayse, que fugiu mas rezamos para ela. Sábado, 22, foi a Sileda, que ofereceu um café da manhã para as amigas na comemoração dos cinqüenta. Foi muito animado e teve até desfile de moda. Para fechar setembro com chave de ouro, no dia 28 foi a noite em Buenos Aires, festa da Mariana Aderaldo, também agradecendo a Deus pelos cinqüenta. A Raquel organizou tudo, perfeito. As fantasias, a decoração, os dançarinos, a música. Ela estava radiante. E todas as amigas curtiram muito a festa. A Mariana é outra das minhas marianas, ela foi a primeira mariana que amei, a conheci namorando com o Henrique seu marido, adolescente ainda, quando fiz vestibular. Fez Serviço Social, e trabalhamos juntas na Febemce durante anos. É também, meiga, terna, verdadeira, corajosa , solidária. Aprendi muito com ela, é exemplo para muita gente. Há alguns anos escolheu trabalhar no Hospital São José, onde constrói uma história de solidariedade e respeito aos que sofrem. É mãe da Raquel, do Matheus e da Lia.
No sábado, 29, foi Andrea, quarenta anos, com rosto de 20. Andrea é casada com o Viana, amigo da Margarete desde pequeno. Alto astral, linda a festa. Tudo preparado com muito carinho do maridão e dos filhos

Prometo não abandonar mais o blog por tanto tempo.
O diabo é que eu prometo e não cumpro.

Beijos,