sexta-feira, março 24, 2006

O Relógio

Na sala grande um relógio na parede. Nas madrugadas, acordava, com suas badaladas.Vovô dava corda no relógio e ele comandava a rotina da casa. Quando marcavam 11 horas,chegava para o almoço, todos deveriam estar à mesa sob pena de receber uma reclamação. Quando adolescente íamos para as férias, e, quando nos atrasávamos, sempre era eu que aparecia primeiro, "o carão" era amenizado, pois fui sempre tida como a neta mais querida . Às 18 horas era servido o jantar e às 20 servido o lanche onde não faltava a coalhada deliciosa ,lembrança de todos nós.
Meu avô sempre dormia mais cedo, e Lala comandava a roda de cadeiras na calçada com suas risadas inteligentes e suas histórias engraçadas, sempre estava de bom humor.
Hoje o relógio continua lá, não funciona mais, tantas pessoas queridas já se foram; Lala,Vovô, meus tios: Luzia, Iracema e Firmino que também orientaram suas rotinas por aquele relógio, que talvez foi acumulando a saudade dos que, se foram, e resolveu parar. Parar de vez, mudo para sempre.

quinta-feira, março 16, 2006

A herança do Vovô

Em seu caráter forjado a ferro e fogo pela vida, combinaram-se elementos de tal pureza e grandeza como já não se encontra entre os homens. A firmeza das atitudes, com que condiz o nome que lhe foi escolhido, a franqueza das palavras, a seriedade e honestidade em cada pequena ação vieram formar a retidão de seu caráter.
Por outro lado, a memória prodigiosa, a agilidade de raciocínio e a curiosidade insaciável vieram transformá-lo em homem à frente de seu tempo, capaz de trazer o ensinamento do passado para iluminar o presente e o futuro. Ainda, o espírito brincalhão e jogador, a arte de contar piadas, repetir versos e cantigas e fazer surpresas ajudaram a temperar com humor fino o seu espírito único.
Finalmente, e principalmente para os familiares e amigos mais próximos, o sentimentalismo romântico, a generosidade e a capacidade de expressar sinceramente as emoções, externando amor e carinho da forma mais delicada vieram trazer o toque de amor que dá o verdadeiro sentido à existência das pessoas. Foi um homem sempre apaixonado pela esposa. O amor dos dois, redobrando-se em cuidado, dedicação e companheirismo nos últimos anos, enterneceria os mais áridos corações, fazendo crer no amor como forma de sobrevivência às intempéries do destino.
Se o molde do seu caráter perdeu-se nas curvas do tempo, guardamos dele as profundas marcas e a referência certa de uma pessoa justa e boa que soube em sua existência construir um sólido patrimônio de amor e confiança. Em ninguém o Seu Firmino deixou uma impressão pálida. Todos aqueles que o conheceram guardam dele a impressão forte de um homem íntegro. Os seus familiares carregam a lembrança deste caráter firminiano como a mais preciosa herança que alguém poderia transmitir aos seus. Seremos eternamente gratos pelos ensinamentos passados na rica convivência de tantos anos, pelo amor cultivado com tantos cuidados e pelo entendimento de que é possível viver plenamente uma vida sem arranhões no caráter lapidado com o fino cinzel da sabedoria pela inspiração do amor.
sua neta
Marisa Mamede

Meu tio querido,
Hoje você completaria ou completa 90 anos. Existe uma grande ciranda lembrando de você com uma saudede imensa, vou abraçar minha tia com carinho como se estivesse também te abraçando.

quarta-feira, março 15, 2006

enseada do mucuripe

Lembranças

Acordou assustada com o barulho forte do trovão e sorriu. Gosta da chuva, do cheiro da terra molhada , das plantas alegres.Lembrou da menina que corria prá cama da mãe quando era dia de trovoada. Esperou o dia chegar cheia de alegria. Mila também tinha medo dos trovões, e a menina se enchia de coragemm e sempre falava: estão arrumando o céu, hoje é dia de festa... um belo dia Mila ficou zangada com o barulho, ainda hoje, adora dormir demais, depois da explicação de sempre falou aborrecida: mãe este povo não tabalha não ? só vive de festa? Doces lembranças. Os netos não têm medo dos trovões e nem souberam das festas no céu.

sábado, março 11, 2006

Ser a moça mais bonita do povoado,
Pisar, sempre contente, o mesmo trilho,
Ver descer sobre o ninho aconchegado
A benção do Senhor a cada filho.
Um vestido de chita bem lavado,
Cheirando a alfazema e a tomilho...
Com o luar matar a sede ao gado,
Dar às pombas o sol num grão de milho...
Ser pura como a água da cisterna,
Ter a confiança numa vida eterna
Quando descer " a terra da verdade"
Meu Deus, dai-me esta alma, esta pobreza !
Dou por elas meu trono de Princesa,
E todos os meus Reinos de Ansiedade

Florbela Espanca

Marianinha, esta é para você
Beijão da tia Ritinha

sexta-feira, março 10, 2006

Sonho

Sentada na poltrona eu lia e ele, sonolento, via um jogo de futebol na tv. Pergunto alguma coisa, não responde... o vejo dormindo e no rosto uma expressão de alegria, de calma, feliz. Largo o livro e admiro esse rosto tão querido, conheço cada marca sua, cada ruga , vejo os cabelos pretos ,mesclados de fios brancos e a careca que se forma contra sua vontade. Foi a primeira mudança fisica que o incomodou.
Sorri devagarinho,mexe os olhos por baixo das pálpebras, continuo a velar esse sono tranquilo e fico imaginando: o que estará sonhando este homem com alma de menino? que luta a cada dia para conservar seu jeito " leve " de enfrentar a vida? Que momento de felicidade lhe trouxe esse sonho? Relaxei , e abri outro livro aquele que guardamos na memória , as histórias das nossas vidas.
O tempo passou,se virou na cama e não pude mais ver seu rosto. O encanto acabou...
Mais tarde perguntei: " Que sonho tão bonito você teve, rindo, feliz? Me conte..."
Olhou prá mim, sorriu encabulado e não me contou.

quarta-feira, março 08, 2006

Dia da Mulher

Hoje é o dia da mulher, mas vou homenagear um homem que está ao meu lado há 37 anos. Este homem faz parte de um pequeno grupo de uma geração que não costumava participar por inteiro na educação dos filhos. Compartilhava de tudo,com algumas exceções. Mamadeiras, cantigas de ninar,troca de fraldas, banhos, reuniões e festas de colégios, enfim nunca estave ausente. Sei que " quebrou" muitos tabus, e muitas vezes foi criticado por alguns amigos, mas sempre recebia as críticas com seu bom humor.
Bom filho,marido, pai,avô,tio,amigo. Extremamente responsável na sua vida profissional. Sempre alegre e solidário.Sua alegria é constante, e corre das tristezas. Dificuldade imensa em " cobrar " dos filhos " tarefas , notas, travessuras, castigos... nem pensar, o coração logo amolecia e ia desviando o caminho por atalhos e veredas. Ainda hoje a dificuldade persiste...
Fazer o que? sempre tenho que enfrentar estas pequenas dificuldades e tarefas, mesmo reclamando e brigando. Afinal de contas você meu Zezinho não poderia ser perfeito.
Te amo muito e você é o homem da minha vida.
E viva as mulheres e os homens!

segunda-feira, março 06, 2006




Jonas, Mariana e Matheus.

Meu tio querido

Meu tio querido,
Já se vão cinco meses que você nos deixou.
Recebi da tia Zelinda uma xerox de um artigo publicado na Revista Brasileira de Filatelia escrito por um amigo seu. Tive dúvidas se publicava no blog, por inteiro ou com alguns cortes, mas ele te conhecia tão bem que resolvi logo. Você era tão simples na sua grandeza, nas suas competências, nos seus sucessos... a saudade é imensa e às vezes me pego com o rosto molhado como hoje. O coração apertado...
Tenho ouvido muitas histórias suas contadas por minha tia Zelinda. O namoro, as viagens, casamento, filhos, pedaços da história de amor de vocês, algumas já minhas conhecidas, outras não. Histórias contadas com aquela voz macia, tranqüila, sem pressa, permeada de quando em vez com lágrimas que quer esconder. Fique tranqüilo, meu tio, por aqui está tudo em paz, e você vai ter mais um bisneto(a). Daniel e a Bel estão grávidos.

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Um Rochedo Dentre Os Fortes

Um grande amigo me deixou em 6 de setembro de 2005, Francisco Firmino de Araújo. Um nordestino de boa cepa, nascido na Paraíba, na Vila de São Mamede, então Distrito de Santa Luzia, em 16 de março de 1916. Ainda criança adotou a pátria cearense para viver. A filatelia brasileira entristecida perdeu um de seus mais valorosos baluartes e a fortaleza que a personificava. Foi o mês mais trágico de minha vida; óbvios são os motivos.Viver, realmente não é fácil. As pedras no caminho surgem a cada passo e a todo o momento para nos surpreenderem na jornada.
Firmino foi um dos mais importantes filatelistas dessa terra “ brasilis”. Sócio-fundador da Sociedade Filatélica e Numismática Cearense, que presidiu inúmeras vezes, e Vice-Presidente da Federação Brasileira de Filatelia. Colecionador de selos desde os 14 anos, expositor, detentor de 43 medalhas de ouro, e jurado nacional e internacional, por mais de vinte anos, Jornalista Filatélico por mais de trinta anos, via no expositor brasileiro o caminho da pujança de nossa filatelia. Sua força de argumentação em favor do filatelista era indubitavelmente impressionante. Defendia-os com vigor e invariavelmente vencia as batalhas argumentativas. Era um poderoso causídico da filatelia brasileira pura, autentica, séria e democrática. Pregava ele: “ A filatelia para os filatelistas “.
Em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à comunidade filatélica brasileira, por mais de cinco décadas, a Câmara Brasileira de Filatelia outorgou-lhe o título de mérito “ Patrimônio da Filatelia Brasileira” versão 2004. As loas e distinção que lhe foram prestadas fora apenas a legitimação de sua dedicação e inestimável contribuição para a promoção e o desenvolvimento de nossa filatelia.
Apesar de preso à cama por doença incurável nunca deixou de telefonar semanalmente para a Comissão Organizadora da Vila Rica 2005 cobrando definições trazendo seu incentivo e aconselhamento para aquela realização. Foi o colaborador da participação significativa dos expositores cearenses no evento e teve a satisfação plena de vê-la realizada e seus resultados.
Objetivo alcançado, já partia em busca de outro. Não conjugava o verbo descansar aproveitando todos os minutos para estar fazendo algo de bom para a filatelista. Poucos dias antes de falecer me telefona para saber da FEFIBRA. De como estávamos em relação ao trabalho político interno. Fez elogios rasgados à revista A Filatelia Brasileira. Voltara a afirmar que nunca vira um Estatuto tão democrático e que notara não haver apego algum dos diretores da FEFIBRA pelo poder, pois o volume de votos dos associados existentes demonstrava cabalmente não poder haver manipulação eleitoral. Era um entusiasta pela causa da FEFIBRA, apesar de ter amigos do outro lado.
Seu credo filatélico era sua profissão de fé. E o declamava com energia e persuasão. Em razão disso, cedo se tornara um homem polemico. Seus inúmeros artigos filatélicos publicados aqui e alhures eram o rosto de sua doutrina. Seu dizer era na “ lata”, de frente e sem subterfúgios. Por toda a sua vida foi uma fortaleza de convicções. No outro vértice era um ser extremamente alegre e carinhoso; tinha sempre uma palavra meiga e gentil a proferir. Cuidadoso, sempre a perguntar pelo bem estar dos amigos e parentes. De riso franco, era um grande contador de piadas a divertir tanto quantos dele se acercavam.
Victor Hugo, ao discursar no sepultamento de Balzac, disse que o homem em vida constrói seu pedestal. A posteridade é que lhe ergue a eatatua. Assim é que do alto das Gerais tenho a honra de conceder-lhe o merecido titulo de gloria: Dom Firmino, o Rijo.
Querido e inesquecível amigo, abalado, choro tua partida, como pago de minhas penas, como se deve chorar a perda do pai, pois eras como se fosse,

Paulo Comelli
Revista A FILATELIA BRASILEIRA
04 dezembro de 2005

sábado, março 04, 2006

El Cantante !

Ontem foi o aniversário do Paulo José Serpa Benevides. Filho da Inês e do Sérgio, nossos amigos de muitos anos. Conheci Sérgio quando éramos crianças, pois ele é primo dos meus primos, conheci Inês quando começou a namorar o Sérgio.
A primeira vez que ouvi Paulo cantar, ele devia ter uns cinco anos. Era dia de mais uma festa na casa acolhedora do seu Paulo e da D. Zoraida, onde tive a oportunidade de viver tantos momentos de felicidade, festas inesquescíveis... presente da querida Hélvia que sempre me convidava.
Célia tocando piano e Paulo José em pé no assento da cadeira, cantava compenetrado... ao seu lado seus avós que eram só sorrisos de felicidade. A sala ficou repleta de convidados, as pessoas foram chegando e olhavam admiradas para aquela criança tão linda, vestido numa roupa de cambraia de linho branca e usando uma gravatinha vinho. Lembro com detalhes daquela noite. Depois de algum tempo, ficamos colegas de trabalho, e com Inês compartilho até hoje nossas alegrias, chateações, planos... E essa convivência foi me aproximando dos seus quatro filhos. Tenho´por eles um carinho especial. Inêsinha, Serginho, Ana Cintia e Paulo José. Acompanho cada um deles, participo de cada alegria, de cada sucesso e das histórias engraçadas dos netos. Nunca imaginei que aquela criança se tornaria o grande profissional que hoje é.
Paulo José, parabéns pelo aniversário, o aniversário é a soma dos trezentos e sessenta e cinco dias que você trabalhou com alegria e responsabilidade, é também o primeiro aniversário que você passa com o novo Paulo José, parabéns pelo amor dividido com a Camila, continue firme e forte, pois Deus te deu um dom maravilhoso e deve ser cuidado com carinho. Deus te abençõe e conte com a admiração e o bem querer da sua "tia do coração"
beijão da tia Rita

quarta-feira, março 01, 2006

Parabéns !

Hoje é o aniversário da Susan que é filha da minha tia Iracema minha madrinha de batismo e também de casamento. É mãe da Camila e do Felipe de quem sou madrinha e João Augusto padrinho. Zeca pai de Felipe é padrinho do Pedro, meu neto. João Augusto é padrinho da Milena minha filha. Susan é irmã da Claudinha que também é minha afilhada. Claudinha ,deveria ter sido madrinha de apresentação do Jonas, mas na hora do batizado não entendia ainda que cerimonia era aquela, não quis colocá-lo no braço, teve medo do padre e chorou.
Já viram que esta história é muito enrolada para entender, mas curto esse emaranhado familiar.
Susan é uma mulher de coragem, atleta corre nove km por dia, bonita, persistente, danada,inteligente, vaidosa.
Parabéns minha prima, vá em frente e que Deus te abençõe.

Aconchego


Chovia forte. O asfalto molhado e escorregadio solicitava atenção. William baixou os vidros do carro, respingos no rosto e o cheiro da terra molhada tinha o nome de saudade. Saudades do Sabuji quando corria na chuva, brincando nas poças d'água.Poças d' água no asfalto, vontade de sair do carro e deixar que a chuva lavasse a minha saudade.
Resolvi prestar atenção na paisagem da estrada. Verde de todas as cores, que me trouxeram esperança de um inverno que ainda não chegou. Tenho uma relação afetiva com a chuva.Acho que só as pessoas que teem algum vínculo com o sertão, entendem esta ligação e a alegria sentida com a chegada do inverno. Trânsito intenso,demoramos para chegar em Guaramiranga. Na entrada da cidade, jovens aproveitando o engarrafamento,
nos entregaram jarrinhos com flores,outros,o Jornal O Diário que trazia toda a programação do Carnaval,sacos para colocar lixo, desejos de feliz carnaval, guardas pacientes orientavam o trânsito. Pareciam que todos estavam tranquilos. Muito agradável essa maneira de receber. Parabéns para os responsáveis pela organização. Muito trânsito, muitos jovens com suas mochilas coloridas enfeitavam as ruas. Chegamos no Sitio Salamanca ouvindo o barulho carinhoso de trovões que nos deram a esperança de uma chuva que não veio. Fomos os primeiros, Joãozinho nos recebeu com sua alegria costumeira, em seguida chegaram Diana, Cordeirinho, André e Isabela. Eles esperam o primeiro filho em Maio, mas vieram de Brasilia de férias. Bruna completará a felicidade deles. Pedro Henrique e Sandra completam a turma com D.Zelia, tia Zenilda e tia Vanda. Na segunda vieram Lia com Eugênio e Camille. A casa ficou mais alegre e completa. Lia é alegre e distribui uma imensa ternura.
Dias tranquilos, alegres, inquietos, completos. William é muito querido pelas tias que fazem uma festa à parte com ele. Dormir com os sons das danças das árvores molhadas por umas chuvinhas timidas que apareciam nas madrugadas e acordar com a sinfonia dos pássaros só pode ser um presente de Deus.
O jogo do pontinho foi muito animado, boa música, conversas intermináveis,cerveja gelada, os quitudes da Ana, passeios na mata ,sempre voltamos abastecidos de carinho dessa família querida. Visitamos, Mariano e Auri que recebiam Nonato Luis, grande violonista, e Afonsina, João Forte e Irene amigos queridos,mas não encontrei a minha menina Mariana, saudades do seu sorriso e dos seus abraços, viu menina ?
Pedrinho e Sandra, compadres queridos e amados que bom poder compartilhar com vocês de momentos tão maravilhosos.