sábado, maio 19, 2007

Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mário Quintana

segunda-feira, maio 14, 2007

Dia das mães

Pois é... digo tanto que dia de mãe é todo dia mas bem que o de ontem foi além do esperado. Acordei muito cedo e de repente lembrei dos dias das mães de quando eu era criança. Lembrei da Antonieta, a "Canoinha", como a chamava nos seus últimos anos de vida. Ela acordava bem cedo e começava a varrer a casa e fazia barulho para que acordássemos. Logo colocava o disco da "Minha mãezinha querida, mãezinha do coração". Que me lembre nunca perguntou informações da mãe dela, da sua própria história. De repente, senti uma saudade gostosa daquele tempo.
Dei uma arrumada geral na casa, li os jornais e, com uma imensa alegria, fomos ao aeroporto receber o Jonas, que juntou o dia da mãe com a vontade de conhecer seu afilhado mais novo, o Lucas.
Em poucas horas, vivemos dias. Fomos à praia, almoçamos na barraca da tia Lecy. No apartamento da Mila, foi aquela alegria. Mariana sempre se ajoelha no chão, se debruça no berço e fica admirando o Lucas, sem pressa, é só quando a vejo calma. Mila, amamentando e dividindo seu leite farto com os recém nascidos da César Cals. Presentes, retratos, muitos abraços. À tardinha, passamos na Beira Mar para tomar água de coco. Estivemos no apartamento da Rosa para encontrar com a mamãe e ainda fomos à Igreja de Fátima, Jonas, Wal e eu agradecer à Nossa Senhora as graças que recebemos.
Jonas voltou hoje e esses encontros nossos são feitos de muito amor e muita alegria.
Ganhei presentes lindos. Mila me fez um cartão maravilhoso, Jonas me fez um email do aeroporto que chegou antes dele, Mariana, a que escreve, não fez uma letra, mas todos sabem que não gosto de receber só o presente.

"Mãe,
Hoje estamos de parabéns. Eu iniciando uma experiência sem igual, engatinhando e aprendendo esse novo papel, essa dádiva de Deus, e você com tantas experiências e lições de amor me ensina a cada dia o que é ser mãe de verdade. Agradeço todos os dias por ser sua filha, uma mulher que sabe ser amorosa, batalhadora, brigona quando precisa, leoa ao lutar pela felicidade e bem estar dos filhos, conselheira, aprendiz, dedicada, presente, enfim são inúmeras as qualidades. Obrigada pelo apoio de sempre, o amor de toda hora, o abraço apertado de acalanto e aconchego, o sorriso de luz, o beijo terno.
Obrigada por existir na minha vida e por fazer meus dias felizes.
Hoje me sinto mais parecida contigo e me pego em vários momentos repetindo gestos seus, isso me orgulha e me faz perceber que estou seguindo o caminho certo. Hoje somos mais iguais, hoje somos mães!
Te amo muito, muito e muito
Beijos da Mila e do Lucas."

"Hoje despertei bem cedo, logo me dei conta de que deveria ter sonhado com algo muito bom, pois após varias tentativas de lembrar, levei um cartão vermelho do inconsciente.
Ao levantar, pensei e refleti sobre a máxima: "Quero minha mãe".
Por que será que esta expressão aparece sempre que precisamos de ajuda? Que estamos aflitos? Coincidência? DUVI DE O DÓ!
Desde o momento da concepção, nos abraça em seu silêncio, nos dá calor, afago, abrigo físico e espritual.
Todos os filhos iluminados são presenteados com uma espécie de útero virtual, uma placenta virtual, para o resto da vida e após o término dela também. Um "cordão umbilical de luz", inexplicável e absurdamente mágico, transformado numa estrada onde trafegam os sentimentos, uma ligação eterna, não importando o caminho que sigamos.
Hoje, 13 de maio de 2007, um dos dias das mães mais perfeitos... Dia de Nossa Senhora de Fátima, minha protetora. Hoje a proteção veio em dose dupla.
Felizes os "filhos das mães" que somos! Dela herdei várias coisas, principalmente a sinceridade, honestidade, garra, o inconformismo, a capacidade de aprender e um pouco da "lucidez mental", alta sensibilidade para racionalizar as causas, de tudo.
O NOME DELA É RITA, sim, isso mesmo, RITA MARIA MARQUES FERREIRA, uma mãe única, que transformou sua sempre tripla jornada em algo maravilhoso e concreto, a vida dos seus FILHOS.
Hoje somos 7; Lucas, Mari, Matheus, Pedro, Mariana, Milena e Jonas, mas já fomos muitos; Marquinhos, Fábio, nossos amigos sem casa que apareciam para jantar ou simplesmente dizer um alô, a vó Maria, Geralda, Antonieta, ou todas aquelas crianças com as quais conviveu durante anos.
Tem outra frase que ilustra bem isso: coração de mãe sempre cabe mais um.
Que coração, hein, Dona Rita? Que orgulho ter vindo de dentro de ti.
Te amo e hoje posso falar... Quero minha mãe! Daqui a pouco estaremos juntos fisicamente.
Jonas"

quinta-feira, maio 03, 2007

Buscas, Mapas, Casas- A primeira perda.

"Bem um ano que eu não choro. Uma cortina colorida no quarto, que se abre para a cidade cinza lá fora. Moro aqui, agora. Meu guarda-roupa é ainda na mala, eu não quis desfazer. Indica.
Do décimo-sexto andar, vejo a nuvem cinza e eu no mesmo nível de altidude. Leio um livro. Acho o frio engraçado. Vinte anos e nunca tinha sentido frio frio de verdade. Doer mesmo não dói, não, porque tenho data e para- onde voltar. E gente esperando. E um quarto verde. Dos dois lados do País, os amados, cada um no seu tanto e do seu jeito. Faz frio lá fora. Hoje à noite vamos a um bar em Moema. Os dois vão tentando me mostrar a cidade, desenhada dentro da minha cabeça como um emaranhado estardalhaço de blocos não-quadrados. Vimos o pôr do sol um dia desses em uma praça própria para isso, com esse nome- e tudo. Ele ficou agachado tirando fotos, eu lambi meu picolé e li. Sol mesmo ninguém viu. Só a luz trocando espaço, o alaranjado, e num tom de segundo veio o preto, e ele olhou rindo. Fomos armazenados um tempo cada um no mesmo útero, intervalo bem grande, embora sem descanso. Entre mim e ele uma moça de cabelos pretos e olhos amendoados marrons.
Fomos embora de cima da praça, o cinza longe agora. Ele foi andando na frente, sempre andou com os pés um pouco para fora. De vez em quando passa a mão nos cabelos. E quase nunca chora".

SEMANA
Mariana Marques
Hedra Editora

Lembrei hoje deste texto que Mari escreveu no seu" livrinho" como costuma chamar. Amanhã cedinho, Mari estará viajando para São Paulo, e à noite o livro Semana estará sendo lançado numa nova edição. Será na Livraria Vila que fica em Moema. Mari, Natércia, Luana e Virna estarão curtindo a "cria" coletiva. Lançamento promovido pela Hedra Editora.No próximo dia 24 será em Salvador. Dois dos personagens citados neste texto lá estarão, ele, adiou uma viagem de negócios para compartilhar esse momento, ela, vibra com os " feitos " da escritora. A moça de olhos amendoados, lá não estará porque cuida com desvelo do seu primeiro filho que tem hoje treze dias. O quarto verde , está mais bonito, fizemos uma surpresa na sua volta das férias. Ficamos por aqui torcendo para que todos possam realizar seus sonhos.