quarta-feira, setembro 20, 2006

Quando Mariana viajou para o Canadá me deixou de presente uma assinatura da Revista TPM. Algumas pessoas identificam a revista como revista feminina. Não é. É para todo tipo de público. Me apaixonei e já renovei a assinatura. A TPM de setembro me traz uma crônica da Milly Lacombe que achei maravilhosa e vou deixar aqui. Vou curtir cada frase digitada

POR QUE NÃO NOS DEIXAM CAIR ?

Olho em volta e vejo meus amigos crescidos, mas andando de mãos dadas com as crianças que foram. Gostaríamos de ter aquele adulto de segurança na nossa cola, aquele que vai,todo curvado e atento. Uma simples ameaça, de tropeço, e a mão está pronta para o resgate. A partir daí, para sempre precisaremos saber que seremos amparados a cada tropeço.E essa infernal necessidade de segurança aniquila nossa liberdade. Por que não nos deixam cair? Somos, antes de mais nada, animais livres, e a liberdade é, para cada um de nós, mais visceral do que a segurança. Ou deveria ser. Porque a vida é feita de levantar, lamber a ferida e seguir. Não estaria a felicidade na coragem de trocar segurança por liberdade ? Na ousadia de abrir mão de convenções e detritos morais pelo que queremos ser e viver de verdade? Em um simples beijo, roubado em um domingo de manhã, da mulher que se ama na mesa da padaria? Em receber, no meio de uma reunião chata, uma mensagem pelo celular com apenas três palavras que vão nos fazer sorrir? Felicidade é dançar sozinha na sala sem ninguém por testemunha, sem motivo aparente. É pedir demissão quando o tesão acabar, mesmo sem ter outro emprego. É fracassar e não ter vergonha de admitir, simplesmente porque não existe quem nunca tenha fracassado. È saber que somos fracos e pequenos, e, ao mesmo tempo, fortes e gigantes. Que somos biologicamente idênticos, e por isso não existe entre nós os que são melhores e os que são piores. Mas também saber que somos absolutamente diferentes uns dos outros. e que a beleza está nesses pequenos espaços que nos distinguem, e não no que temos em comum. Felicidade é se deixar levar pelo coração e fazer com que a cabeça seja subordinada a ele, e não ao contrário. E não se prender à tradição, é questionar a moral do mundo, um mundo cujos valores são tão tortos que é capaz de limitar e punir o amor, mas não a guerra.
Felicidade é entender que andamos todos pela rua, numa segunda-feira qualquer, machucados, feridos, torturados. Que somos bichos cheios de traumas. Que cada um de nós possui um segredo mais dolorido que o outro. Mas que não existe vida sem dor. Pelo menos não o tipo que valha a pena ser vivida.
Felicidade é olhar no espelho e ver nosso rosto envelhecer. Com todas as marcas que nele cabem. E entender que envelhecer é a única opção agradável. Porque a outra, convenhamos, me parece bem pior. E, já que a viagem é curta, é preciso arriscar. Sempre. E saber que não existe um manual que nos ensine a ser feliz. Mas que, sofrendo, amando e arriscando, estamos construindo nossa cartilha de crenças. Uma cartilha que é individual. E que, mais cedo do que tarde, ela nos libertará. Porque somos, na essencia, sozinhos e livres.

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oi querida amiga!
Estava com saudades de vc e vim lhe procurar aqui, onde sempre encontro coisas bacanas que vc escreve. Há dias ouvi de minha filhota uma queixa da vida. E não é que aqui encontro na crônica que vc transcreveu muito do que ela anda precisando ler,pra compreender do que é feito a vida e como somos felizes e não sabemos! Assim, trocando nossas experiências de nossos bem vividos anos, ajudamos a esses moços a trilhar seus caminhos vivendo suas próprias experiências.Cadê, já arranjou alguem que preste pra lhe ajudar na lida? A Maria Cândida já está recuperada? Achei vc muito cançada. Sei que a barra é pesada mas segure mais um pouquinho a onda que já já ela passa. A Júlia amou seu presente. É muito legal e ela tem se divertido muito. Beijinhos

21 setembro, 2006 06:58  
Blogger Marcelo Dutra said...

Oi Ritinha
Gostei muito do texto, e concordo plenamente com ele. A dificuldade é apenas a gente agir desta forma, mas deve-se sempre procurar.

Amei suas fotos. Achei muito interessante fotos do mesmo local batidas em épocas diferentes. Tenho algumas antigas de Natal e depois vou tentar fotografar os mesmos locais hoje. Depois vou incluir suas fotos na página
Abraços Marcelo

21 setembro, 2006 15:55  
Anonymous Anônimo said...

Ritinha,
Curtir, viver cada frase, significa acima de tudo ser capaz de se questionar a cada minuto sobre elas....quer dizer tambem mudar, trocar velhas atitudes e pertences mentais por novas maneiras de ver a vida e viver.
A historia de "deixar cair" eh dubia, pois se nao seguramos, no minimo, criticamos a queda. Sera que nao estaria na hora de deixar cair, incentivar a levantar, limpar o sangue e continuar tendo a coragem de correr novamente.
Te amo.
JM

21 setembro, 2006 16:50  
Anonymous Anônimo said...

adorei o Milly Lacombe!
eu precisava muito ler algo desse tipo.

21 setembro, 2006 17:22  
Blogger barbra brusk said...

lua, a milly lacombe eh uma mulher, mulher.

jonas, estou com saudades de você. hoje falei de você para alguém com muito amor e saudade. aí me dei por conta dela.

amiga da mamãe, você é nota quinhentos. uma vez alguém me perguntou porque eu dizia que fulano era meu amigo se na verdade era amigo da mamãe.
povo curto... né?
você é minha amiga e eu admiro você muito.

um beijo bem grande.
maricota

MAMÁ
ESTAVA PENSANDO QUE QUASE NÃO PISO MAIS EM CASA TRABALHANDO. E A CAMPANHA ESTÁ BEM PERTINHO DE TERMINAR.
QUE TAL VOTAR NO LUCIO 45 PELO MENOS PRA QUE VOCÊ TENHA UMA RAZÃO PRA TER FICADO 3 MESES LONGE DA SUA FILHA FAVORITA????

um beijo,

maricota

lucio governador.

22 setembro, 2006 17:13  
Anonymous Anônimo said...

Ei! maricota filha da Ritinha,
Também te acho nota mil, e agora que tu também é da nossa turma!!!!
Será que quando essa campanha acabar nós vamos poder tomar uma cervejinha e jogar conversa fora?
Tô curtindo as "últimas" e muito feliz. Bjim da DD

25 setembro, 2006 17:18  

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