segunda-feira, setembro 20, 2010

Caros filhos,
Já passava da hora de escrever umas linhas especialmente a vocês. Talvez isso não faça sentido nenhum, talvez até não invistam nesta leitura.
A nossa vida é maravilhosa, temos tudo a mão, basta querer. Infelizmente vivemos em uma sociedade extremamente injusta, da qual fazemos parte, cheia de diferenças sociais. Isso faz toda a diferença na forma que olhamos o mundo e principalmente no nosso dia a dia.
O que aconteceu com vocês ontem não será uma novidade, isso na maioria das vezes se deverá ao fato de que uns podem entrar no Mucuripe enquanto outros ficarão do lado de fora.
Vocês estão crescendo e como passáros começam a dar seus primeiros vôos solos, será natural encontrar o inesperado, seja ele físico ou mental. No caso dos humanos, assim como dos pássaros, temos que tomar alguns cuidados para não fazermos o último vôo tão cedo.
Os cuidados parecem básicos e óbvios para os pais, sempre nos embuimos de um tom professoral, cheio de moral, razão e principalmente sabedoria. Seríamos uns bobos que não entendem de nada? Uns velhinhos que não conhecem o mundo dos twitteres ou formsprings? Não, não é nada disso, o fato é que já vivemos tudo isso antes de vocês, já tomamos sustos, corremos muito riscos, fizemos coisas erradas, algumas temos até vergonha de contar, magoamos pessoas, etc... Mas uma coisa deve ser dita, os pais como nos, que hojem falam tem que ser ouvidos. Somos "pássaros" vivos, voamos, levamos porradas, ventos fortes, perda de rumo, mas estamos vivos e aprendemos muito, amadurecemos.
Quando minha mãe ou meu pai diziam: "Meu filho não faça isso que vai dar errado". Eu, como vocês, achava que era uma bobagem, pensava que minha mãe torcia contra, e que aquele pensamento não fazia sentido, era porque ela não tinha a minha idade. Advinha: Pau!!! Era certeza dar errado, claro que ela não acertava sempre, como também eu e sua mãe não acertamos, mas na maioria das vezes ela enxergava longe. Assim como uma águia...
Por falar em águia, também temos uma águia em casa. A sua mãe é uma mulher guerreira, defensora da sua família, sempre alerta, exerga como niguém. Também teimosa, digo, muito teimosa, mas todos somos assim, temos qualidades e pontos a desenvolver. Quando ela reagiu de forma dura, certamente foi porque pensou que no "cidadão" que feriu seus pássaros e pensou que se pudesse o MATAVA, rápido como uma ave de rapina. Não sejam tão duros com ela, sempre os defendeu com "garras e bico" forte.
Sinceramente dei graças a Deus que o celular se foi, isso servirá para que os meus "gaviõeszinhos" aprendam a se defender sozinhos. Aprendam a ouvir os nossos conselhos. Tem tanta erros novos para cometer que deveríam evitar as "velhas armadilhas".
É isso ai!!! Levanta sacode a poeira e dá a volta por cima!!!
Amamos vocês mais que a nós próprios, por isso por favor vejam por onde andam, ou melhor, voam.
Beijos
Hárpia


P.S.: O Matheus receberá um Motorola PT 500 de presente...

email que Jonas enviou para o Matheus quando foi assaltado, férias de julho
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domingo, setembro 19, 2010

O maior amor do mundo

O maior amor do mundo



Sempre que puder, divido com vocês uma pessoa. Muitas vezes vou aproveitar pra conhecer essa pessoa melhor, ou vou só partilhar a maravilha que é alguém, pra você sentir um pouco do que eu sinto. Quem estreia o espaço no blog é a Rita minha mãe.

A Rita veio pra Fortaleza ainda pequena com a outra Rita, sua mãe, de quem herdou o nome e a força de viver. O vovô Jonas, pai da Rita, faleceu quando ela tinha seis meses e, pela graça de Deus, ela teve um avô com quem dividiu o seu amor. O nome dele era João Firmino e foi seu segundo pai. Ainda hoje, depois de 12 anos, ela fala dele como se aqui estivesse.

A Rita é alegre, tem a gargalhada generosa, um olhar quase inocente, quase doce, mas sem perder a firmeza quase nunca. Quando a Rita perde a firmeza, o mundo inteiro parece fraquejar. A mesa da Rita serve os melhores peixes da cidade, com os molhos sem receita feitos pela Terezinha, sua fiel escudeira que morou lá em casa por quase 20 anos e que agora nos ajuda esporadicamente, porque foi viver sua vida, criar seu filho, curtir seu marido e sua casa própria.

Em 1968, depois de ganhar um LP do Chico Buarque cantando Retrato em Branco & Preto, ela se casou com o William, o grande amor da sua vida e seu companheiro de todas as horas, com quem vive até hoje num apartamento muito bem arrumado e bem cuidado no Cocó.

A Rita tem o Jonas, que nasceu em 1970 e foi a criança mais danada que eu ou você podemos imaginar. Em 1975 nasceu a Mila, um doce. Em 1982, nasceu eu (sic). Em 1994, o Jonas chegou lá em casa dizendo que estava grávido, junto com a Margarete, uma mulher loura que ele teve a sorte de conhecer na faculdade de psicologia. Ainda em 1994, o Jonas chegou lá em casa dizendo que eram gêmeos. Nasceram Pedro e Matheus, os netos mais amados e bem criados que eu ou você podemos imaginar. Depois, já em 2005, veio a Mariana pra alegrar ainda mais a casa do Jonas, e em 2007 veio o Lucas, um pinga fogo inteligentíssimo que nasceu pra Milena e pro Felipe. Todo mundo espera o meu. Mas eu acho que ainda demora. Com vocês, toda a beleza, a sagacidade e a doçura da Rita:

Beautifro – Quantos anos você tem e o que é que você fez pra Deus pra ter esta pele?

Rita – Depois dos sessenta parei de contar os anos. O bom é contar os dias para viver mais. Brincadeira, são 67 bem vividos. A pele é exagero seu. Nunca fui vaidosa como você. Uma vez ou outra começava algum tratamento dermatológico, mas nunca concluía, e os produtos perdiam a validade. Em 91 tive um câncer de pele , levei a sério e virei adepta fiel do filtro solar. Vou a dermatologista com frequência. Depois do câncer não deixo por menos e já não sei quantos sinais foram retirados. Limpo minha pele com loção Renew da Avon e uso meu amigo Revaleskin da Stiefel e filtro solar da Isdin, Fotoprotector Extrem 50.

Beautifro – Quem mora com você?

Rita – Eu e meu Zezinho. Está faltando uma secretária competente. Nos meses de julho, dezembro e janeiro a casa se enche de alegria, barulho e animação. Os dois viram doze.

Beautifro – Qual é o filho mais parecido com você?

Rita – Modéstia a parte, minha filha, os três parecem comigo.

Beautifro – E o neto?

Rita – Segundo seu pai, é o Pedro. Fisicamente, acho a Mari caçula.

Beautifro – Em quantas casas você já morou e qual a casa que mais marcou você, onde foi mais feliz, que tinha mais coisas que se pareciam com você?

Rita – Nesses 41 anos de casados moramos em sete casas. Tenho lembranças bonitas de todas elas. Cada uma com a sua história. Não consigo escolher onde fui a mais feliz. A mais animada foi a da Silva Paulet, a vida era uma festa. Casa sempre cheia, jardim para curtir, secretárias competentes e dedicadas. A da Ana Bilhar talvez seja a que tenho mais saudade, foi o aprendizado da convivência com dois adolescentes e com uma menina inquieta. Aprendi muito, e o juízo era tão questionado que ardia. Louvo a Deus pela assessoria que tive da Terezinha, que sabia exatamente o que precisava me contar. Depois é que descobri outras travessuras.
Bom demais.

Beautifro – Qual é sua hora preferida do dia?

Rita – Quando acordo. Gosto muito de abrir a janela, olhar o mundo, observar as pessoas que passam na rua, ver o verde do Cocó, agradecer a Deus. Meu primeiro exercicio é ler o jornal O Povo, depois aguar minhas plantas.

Beautifro – O que dá mais trabalho?

Rita – Não entendi. Sinto falta de uma secretária eficiente.

Beautifro – Você diz muito palavrão?

Rita – Sim, guardei um bocado numa gaveta até vocês crescerem , depois soltei a franga. Naturalmente que sei me comportar, tem a hora e o lugar.

Beautifro – O que você acha deste blog?

Rita – Leio todo dia, mas ainda hoje tenho saudade do Faniquito e do Brusk. E do Disparate do Demo.

Beautifro – Você adora maquiagem?

Rita – Não, embora tenha também minha maletinha. No dia a dia uso filtro solar da Isdin, um corretivo para olheiras MAC e batom vermelho. Quando vou sair gosto de uma maquiagem discreta. Eu gosto quando você me maqueia, mas não gosto de olho preto.

Bautifro – Qual seu esmalte favorito?

Rita – Perdi a conta dos anos só uso esmalte vermelho. Não consigo usar outro.

Beautifro – Quem é sua melhor amiga? Me diga uma coisa que você adora nela.

Rita – Graças a Deus sou privilegiada. Tenho grandes amigas. É dificil escolher uma. A minha família do coração é uma graça de Deus. A Stelinha não entra nesta lista. Não dá para descrever tudo que ela representa nas nossas vidas.

Beautifro – Tem alguns cheiros que me lembram imediatamente você: toalha recém-lavada, óleo Séve da Natura, perfume Paloma Picasso, arroz de leite fumegando. Tem algum cheiro que você se lembre de mim?

Rita – Cheiro, cheiro é da lavanda Jonhson, Giovanna Baby, depois vc se tornou muito exigente com os cheiros artificiais. O cheiro bom mesmo é o seu, o que deixa quando passa por aqui, é um cheiro diferente, é o bem querer que espalha pela casa. É o cheiro que passa por mim nas horas da saudade.

Beautifro – O que você guarda com mais amor?

Rita – Tudo que guardo tem amor pelo meio. Todos os “escritos” de vocês, bilhetes do seu pai, cartas da mamãe, de amigos, recortes de jornais, cartões de aniversários, e-mails, desenhos dos netos, os retratos são um capítulo à parte. O arquivo é grande.

Beautifro – É verdade que você faz UMA LISTA de tudo e que tem uma agenda cheia de listas?

Rita – É exagero seu. Tenho uma lista das minhas jóias, já separadas indicando as futuras donas e donos. Uma lista dos aniversariantes de cada mês. Depois de ter sido roubada várias vezes, fiz uma lista das coisas que são importantes para mim. A minha agenda é preciosa, anoto as contas, pagamentos, providências e até as dívidas de algumas pessoas. Nunca se deve perder a esperança.

(Nota da editora: sei que este recado foi pra mim, mas eu tô achando tanta graça, que daqui a cinco minutos vou esquecer).

Beautifro – Pra quem você queria mandar um beijo?

Rita – Depois do seu beijo, mando outros pra todos que quero bem. É muita gente, né?

Blog novo da Mari beautifro.wordpress.com
Beatriz senta todo dia 12 na cadeira de balanço da varanda. O giro que
muda o canal da TV já não funciona mais. Seu pó de arroz foi esquecido
no fundo armário e a raiz branca do cabelo toma o lugar de suas mexas
louríssimas herdadas da desastrosa raça formada em seu interior com o
resultado dos índios nativos e dos holandeses recém-desembarcados.
Beatriz se lembra de Teixeira, e de quando na hora marcada, sem ajuda
do gmail, do celular, do twitter, das temidas direct messages ou de um
sinal de fumaça, ele aparecia no parapeito da sua janela. Teixeira,
que nunca faltou. Teixeira, que só podia vê-la à tarde mas nunca
faltou um dia doze de junho naquela varanda quente da Aldeota. Alguns
parcos doces ali da Leite Albuquerque, um vidro de almíscar, um botão
de rosa ainda fechado da Praça do Hospital Militar. Mas ele chegava.
Blusa engomada, vindo da repartição, um cheiro de dia, de trabalho, de
frescor. Teixeira ficava até a luz mudar, até o dia cair, até a hora
em que precisava, quase como num susto, ver os filhos e a felizarda
oficial esposa, no papel e na contracapa da coluna social. Teixeira
cheirava os cabelos louros de Beatriz e dizia: Loura, meu coração fica
contigo. E se ia. Todas as amigas carolas da Igreja do São Vicente,
por mais nascidas nos 20 que fossem, aceitavam o Teixeira. Todo mundo
mandava bolo pro Teixeira tomar com café, um baralho novo pra casa de
Beatriz pra esperar o Teixeira para o carteado e uma caneta nova pro
Teixeira despachar na repartição. Um dia, em 1998, não se sabe
direito, Beatriz, o cabelo ainda cheirando à tintura bigen na raiz,
sentou na varanda, e o Teixeira não veio. O filho veio buscar mais
tarde:
- Você é Beatriz? Papai quer vê-la.
No carro com o primogênito de seu amado, ela teve vontade de dizer: -
Seu dente de leite caiu em 74. Você odeia queijo. Você era o melhor
aluno da sala. Teixeira finje que Natália é a favorita mas gosta mesmo
é de você. Você também tem uma namorada. Você é um bom rapaz. Mas se
limitou a perguntar:
- Você é quem?
E até hoje Beatriz lembra da cena no hospital, do Teixeira entre a
vida e a morte prometendo a Beatriz que no céu não tem essa besteira
de exclusividade, e que a Planaltina haveria de entender que não era
problema se os três vivessem felizes para sempre no reino dos céus.
Bordando, permanece na varanda pensando no cheiro de trabalho que o
Teixeira exalava. Hoje Beatriz sentiu um arrepio que começou no pé, e
deu um grito ensurdecedor que acordou a Torres Câmara da siesta
sagrada:
- Mamãe! O Teixeira.


Mariana escreveu este texto junto a outros que escreveu para a revista Aldeota. Não sei porque este foi excluído. Parte dessa história é real e foi vivida por uma amiga minha de coração.

DECOLAR

"Atenção tripulação decolagem autorizada! Apenas a frase é sempre a mesma, ao decolar sinto realmente que um pedaço especial do meu passado acaba de ficar em terra e outros fragmentos serão construídos em outra viagens ao redor do Globo.


Atenção tripulação decolagem autorizada! Apenas a frase é sempre a mesma, ao decolar sinto realmente que um pedaço especial do meu passado acaba de ficar em terra e outros fragmentos serão construídos em outra viagens ao redor do Globo.
O sentimento seria muito obvio se estivesse eu decolando de qualquer parte deste sítio chamado terra, mas existe uma grande diferença, pois estava eu deixando literalmente minhas Fortalezas, mais uma vez todas ali nas esquinas do prado literalmenre furtado.
Decolar da Fortaleza de Nossa Senhora da Assuncao é e sempre será um enorme desafio, muito mais do que partir, é como se tivesse queimado mais um "cartucho" da vida, a diferença é que neste caso não sei quantos ainda me restam.
A memória esta mais escassa e o tonus já não é mais o mesmo. A única coisa inesgotável é o carinho, sempre em caminho inverso as perdas notadas.
Força! É disso que precisamos todos os dias. Agradeçamos a Deus pela chance de lutar, infelizmente nem todos recebem este presente. Hoje ao ver o Lucivan descer do carro cabisbaixo me pus a pensar o que teria feito aquele homem, digo aquela família inteira simplesmente desaparecer? Seria um sinal? É, aprendi com a vó Rita que Deus fala através dos fatos e desde este dia quase nunca mais fechei os olhos e ouvidos a isso.
Lutam os que ainda podem lutar, seria um pecado desperdiçar esta possibilidade, principalmente se a nos foi oferecido todos os recursos para esta opção.
Um museu, lugar de honra da nossa memória, tem como dia solene o festejo da sua abertura e não do seu fechamento ou reforma. Vamos! Acorda memória, va em frente "jamevus", "dejavus", "deixavir", e tudo o mais que possa se apresentar.
Lucivan amigo, a você o nosso respeito e consolo para que você se recupere logo e volte a decolar muito em breve... O seu carro é verde e certamente você não escolheu esta cor por acaso. Esperança irmão.
A mão de Deus nos toca a cada um de maneira individual, com um nível de intensidade diferente, marcando a nossa vida para sempre. O que eu acabei de dizer mesmo? A minha memória, cada vez mais desafiada, ou des afiada? Já não sei mais.
Enquanto houver sol ainda haverá.... Enquanto houve sol... Sempre, sempre, sempre, sempre há de haver esperança.
Lembrei!!! Graças a Deus. O que queria dizer era que:
A casa dos pais sempre foi e sera para a maioria dos filhos um eterno Porto serguro. No nosso caso é muito mais do que isso, não só pelo simples fato de ficar em Fortaleza, mas principalmente pela energia espetacular que ela tem.
No nosso caso, somos literalmente aves migratórias que passam por aqui duas vezes ao ano rumo ao futuro ate que ele perdure.
O tempo! Tic, tac tic tac tic tac, o que teria o tempo a ver com isso? Tudo! O tempo não perdoa e faz com que tudo seja realmente único, rápido, fulgas e deixa na mente um gosto de quero mais. A feliz analogia da ladeira martela minha mente sem parar, na verdade querido tio PH estamos todos nesta ladeira e cabe a nos nos cuidarmos e aos nossos todos os dias para usar o freio ou até mesmo o acelerador com cautela. Obrigado por abrir algumas janelas e mostrar o lindo sol lá fora, porque enquanto houver sol...
Atenção tripulação pouso autorizado! Hora de chegar na minha morada e voltar ao dia a dia. Morada. Que morada? É verdade, a minha morada não é aqui, aqui é apenas a minha casa.
Desembarque autorizado........…
Do avião que eu estava desceram pelo menos 240 historias diferentes, certamente varias delas lutam todos os dias para mudar seus destinos"

Jonas Marques Neto
sempre que volta para São Paulo meu Joninha escreve seus textos, guardo todos mas alguns me tocam o coração de maneira diferente

sexta-feira, junho 18, 2010

Que esta pequena sabia que dia 29 de maio de 2010 ela iria se casar com seu namoradinho felipe?

que seu dia seja de sonho, seus próximos dias. que você entenda mais e mais que não é um papel que muda tudo, mas que sim, um papel muda muita coisa. é um novo compromisso (desta vez com o Estado e no religioso com Deus - ambos tão sérios) que exige uma nova postura, mais amor, mais cumplicidade, mais companheirismo. a promessa da sua vida é de um caminho de alegria. você tem hoje o que você escolheu pra si. sei que não é fácil às vezes não termos tudo. sei mais do que você, pois sempre fui muito mais gananciosa. você é esta joia preciosa que tem consciência do que lhe satisfaz, que não precisa de tanto, que não espera tanto das pessoas, que se zanga, que briga, que esperneia ou que se tranca. mas quando descrevo você para alguém que não a conhece, ninha mente escolhe imediatamente palavras coloridas com amor e ternura, palavras de bondade, palavras de solidariedade. você é esta flor, esta maravilha, esta mãe teimosa e carinhosa, que desde muito cedo conversa e entende o lucas como se fosse da sua idade. sei que este casamento é com ele também. sei que isso também faz parte do que você escolheu para o seu filho e não só para você. então lute e enxergue o caminho de luz que você tem pela frente. só depende de vocês. estarei sempre perto de você, amanhã acordarei cedo e ficarei em um ponto da sala onde você possa me ver com o mínimo esforço. o que quero da configuração da sala é o que eu quero para nossa vida para sempre: estar em um lugar, o tempo todo, onde você possa me ver com o mínimo esforço, um virar de cabeça, um pequeno susto.
te amo mais do que meu coração aguenta.
mesmo que seja do meu jeito.

terça-feira, maio 11, 2010

DIA DAS MÃES

hoje o disparatedodemo se dobra para homenagear a dona de tudo: SHE. RITA. by disparatedodemo

minha mãe, minha rita,

pedi a deus que acordasse meio dia, pois tenho estado com cada vez mais vontade de dormir dia de domingo. quando acordo me dá um desengano, uma espécie de arrependimento. mas ainda assim durmo pensando em acordar meio dia mais que durmo pensando em acordar viva. é uma necessidade. hoje não consegui. e não achei ruim. passei um curto espaço de tempo na cama sem conseguir me mexer. apenas veio de maneira insistente você ao meu lado, sentada em uma cadeira de estacas de madeira brancas no terraço da casa da silva paulet, com os pés trepados na mesinha de centro, numa tarde fresca dessas que ja não existem mais. aposto que eu tinha insistido mil vezes para ir pra fora e você deve ter dito: nanoca, vamos quando o sol esfriar. e fomos. enquanto eu brincava no chão: blocos, confusão, bonecas com o cabelo defenestrado por alguma tesoura sem ponta, você apenas lia, olhava o tempo ou fumava seu carlton. também fiquei a pensar em uma tarde muito esquisita no monte klinikum, quando, depois de uma injeção inadequada, passei perto de morrer. lembro de ter aberto os olhos e ter visto 3 pessoas ao meu redor. todos médicos amigos seus que não tinham diretamente nada a ver com o problema mas que junto com você não saíram dali até garantir que eu voltaria pra casa quase do mesmo jeito que tinha entrado no hospital. lembro de ter segurado sua mão até dormir, já em casa, enquanto pensava: não morri.
também é insistente a lembrança de quarta-feira passada, quando comemoramos o dia das mães antecipado com a presença ilustre do seu filho, o primeiro, o que mora longe. chegou para o jantar. chegamos com vinho. você tinha feito a mesa da maneira mais bonita e quando viu que no começo da noite a gente se amontoava na cozinha como sempre, soltou uma de suas máximas: "saiam da cozinha, umbora pra varanda!", e eu pensei: estou em casa. nós, os cinco. ninguém mais. a terezinha, aliás. mas nós, que representamos definidamente uma coisa primária chamada estrela de cinco pontas, que hoje já se desdobra em mais casas, mais famílias, netos, outros sobrenomes que chegam. lembro dos gritos do jonas quando alguém falava alguma coisa que deixasse ele feliz. qualquer coisa. como quando a terezinha entrou na varanda com uma bandeja repleta de pequenas tacinhas com um fumegante caldo de peixe. vinho fazendo efeito, gritávamos: UM BRINDE À TEREZINHA, seguidos de um grito uníssono e quase furioso: EEEEEEEEEEEEEEEEE. e ríamos. papai narrou de maneira brilhante toda a história do problema do imposto de renda, tirou fotos, você olhava pra gente, pra cada um, como se estivesse entendendo exatamente o mesmo que eu: que não poderia ter havido um dia mais simbólico para resumir todos os dias das mães até hoje. a varanda iluminada, um dia de semana comum, papai com a câmera na mão (e uma ideia na cabeça), milena na janela vendo o tempo e ouvindo tudo simultaneamente com seu ouvido especial dos que falam pouco, jonas e eu na aceleração constante do corpo que não nos deixa. e a terezinha de maneira quase solene cozinhando um peixe fresco que você procurou num mercado cujo nome do dono você decorou, de onde vem o peixe você sabe. você sabe de todas as coisas.
penso também no seu arquivo. no seu cuidado com as coisas que guarda, por afeto, por nada, não. guarda porque ACHA BONITO, porque constroi por afeto a memória que só interessa a nós. e não há nada no mundo mais valioso pra mim que isso. fico pensando às vezes que você não se dá conta do seu metodismo quase bibliotecário. das listas (de presentes, de aniversários, de contas, de convidados, de CREDORES (oi?), de toalhas, de lençois, de fronhas. as caixas, o baú específico para documentos perenes, as pastas, os livros, as enciclopédias e seus amados bordados, suas rendas, seus guipir, seu resto de retalhos e finalmente seus recortes, seus bem cuidados recortes. penso no valor do seu arquivo. no amor que eu tenho por todas as coisas que você guarda. uma vez caí no choro num dia útil ordinário e livre quando fui almoçar na sua casa e achei um velho conhecido caderno azul que você começou a escrever em abril de 1970, em uma parte que começa assim: jonas, meu querido filho. lembro que quando criança tinha um ciúme horrível do caderno do jonas. (sei que eu também tenho o meu, mas tinha a mania de querer você só pra mim, o que não é um sentimento incomum em todos os lares do brasil). chorei. lamentando profundamente porque não estive sempre aqui, porque não vi você de farda do hospital de saúde mental, porque não assisti ao seu casamento do primeiro banco da igreja de fátima, porque não segurei a milena quando era criança "do tamanho de um pão de quinhentos" segundo a história contada pelo papai. mas vocês são tão diferentes de tudo, que é como se eu tivesse vivido tudo. visto tudo. visto o jonas se engasgar com o canudo em 1975. visto a farda do colégio pequeno astronauta. visto a milena cair de cima do toco de árvore e rasgando a coxa num copo quebrado em 1980, e enquanto dava escândalo no hospital o médico perguntou se ela era filha única. é como se eu tivesse visto a milena no parque da criança, com seu cabelo de índiazinha penteado pela maria antônia, com seu lenço na cabeça, sua limpeza absoluta, sua austeridade russa. só você pode manter viva uma memória em mim que não vivi. foi com você que aprendi o valor de apreender as coisas para que elas jamais morram. foi você que me ensinou a contar histórias, a amar sem medida, a guardar indiscriminadamente tudo o que eu pudesse não jogar fora (RITACARRETEL), até que um dia acordasse, vestisse uma camisola limpa e começasse a tentar dar fim pelo menos nas notas fiscais, nos papeis sem importância, nos bilhetes de caligrafia ruim. e no meio do amontoado de papeis que junto, vejo sempre alguma coisa que não pode ir embora. você me ensinou até a pensar sobre o que não pode ir embora, o que precisa ficar.

feliz dia das mães. por favor, continue corrigindo minha postura, continue me pedindo para escrever coisas mais felizes, continue lendo meu disparate, continue fazendo meu arquivo, continue pedindo pra que eu não deixe ninguém por aí mexer na minha sobrancelha, continue me ligando para saber onde estou, o que farei, que horas acordei. continue tentando, continue falando comigo sobre a dilma, sobre a novela. continue me mandando economizar.
sei que você sente muito calor. sei que você se machuca. sei que às vezes eu ocupo espaço demais. mesmo assim, vou continuar abraçando você com aquela força que te faz me abraçar de volta mais forte ainda, mas que quando vê que eu não vou soltar, diz: ESPERA, MULHER. TU QUER É ENTRAR DENTRO DE MIM DE NOVO, É?


Mariana, mari, ana
meu amor,
Que bom receber este presente de você no dia das mães. Sempre falo que dia de mãe
é todo dia, mas nunca escondi que adoro receber bilhete, email, cartão, qualquer tipo
de " escrito " de vocês: meus filhos amados. Eles chegam de mansinho, não precisa de uma data especial e as vezes dou mais valor do que um presente comprado na loja. Li, reli, chorei de alegria e tive muita saudade. Não uma saudade de perda, de tristeza. É uma saudade farta, generosa se posso dizer assim. E incrível como você percebeu aquele momento em que eu olhava para cada um de vocês naquela hora de alegria.
E é por isso que guardo, que curto fazer nossos arquivos e decidi que preciso de mais tempo, tenho muita coisa para organizar. Lemos juntas eu e Mila e Jonas telefonou as gargalhadas vibrando com esses grãos de felicidade que colecionamos a cada dia. Hoje seu pai pediu para ler de novo e deu aquelas gargalhadas de quando está feliz.
Te amo
beijo da Ritinha

e

sábado, abril 24, 2010

Acordei sonhando com o vovô. Fico feliz quando recebo este presente. No inicio do mês de maio vai ser homenageado e minha tia Babi me pediu que escrevesse a sua biografia. Escrevi de várias maneiras e sempre acho que não está bom, mas já enviei. Tenho lembranças dele maravilhosas. Seu jeito de ser valente e terno. As vezes brigava, as palavras soavam fortes mas seu olhar era doce e desmentia o que estava falando. Vovô
se foi há tanto tempo e a comunidade tauaense continua lhe homenageando. Dessa vez terá seu retrato no Ginásio Antonio Araripe onde fez parte da sua primeira Diretoria e também na União Artistica Tauaense de onde foi Presidente.

quarta-feira, abril 14, 2010

O HAROLDÃO

Foi na Praça do Ferreira que ele se sentiu orgulhoso
de um dia ter apertado a mão de Juscelino Kubitschek e o
chamado de " Presideste Pai D'égua".
Outra vez serviu um café da manhã ao sindicalista que
se tornou " o cara " da política mundial contemporânea.
Muitos eram os motivos de satisfação na sua vida, mas o que
o deixava feliz e realizado era ter sido amigo do viajante,
do propagandista de remédio, do dono de botequim, do carro-
ceiro, do pequeno comerciante, do guardador de carros, do
peixeiro, do entregador de pizza.

Abria sempre um parêntese no seu trajeto cotidiano para
cada aceno, para cada bom dia e para cada bondade ao longo de
seu percurso de 77 anos de vida. Teve sempre a mesma mulher e
se orgulhava disso entre os homens.
Estranhamente falava na contramão das idéias e de modo inesperado
nos fazia rir infinitas vezes. Dizia o que as pessoas queriam ouvir
mas nunca perdia a piada.
É justamente por cultivar essa marca cearense, de vida longa ao
sorriso e à marmota, que sua gargalhada inconfundível está perpetuada
no coração de todos que cruzaram seu caminho.
Pai por inteiro, marido por inteiro, avô por inteiro,amigo por
inteiro.
Cultivou o encontro entre os homens e entre as mulheres. Não há como se
afastar do Haroldão nem na hora de sua morte. Se é que ele morreu...
Xico Aragão

A missa do Haroldão foi linda.Igreja lotada. Fortaleza representada por
todas as classes. Saudade da sua alegria.


A

segunda-feira, abril 05, 2010

Primeiro de Abril

O dia amanheceu sorrindo. A Loura preparou a mesa cedinho e cantamos Parabens para o Joninha. Em seguida, saimos
em busca de Campos de Jordåo. A viagem foi tranquila e tudo foi perfeito.

Querido Jonas, meu Joninha, Queridos Margarete, Pedro, Matheus e Mariana.

Este é um dia especial e o aniversårio é de todos nós.Estamos muito felizes em partilhar com vocês este momento
especial ( como diz seu pai: de corpo presente). O primeiro de abril de 1970 comemorado como o dia da mentira,
nos deu este presente precioso e verdadeiro. Voce faz 40 anos mas não sabemos exatamente quantos anos você faz.
A experiência de ter assumido tão cedo a vida adulta em todos os sentidos, como marido, pai e profissional exemplar,
com garra, responsabilidade e sacrificio lhe faz ter vårias idades. Inquieto, ansioso, preocupado, sempre buscando novos horizontes e grandes desafios. Se arrisca, porque gosta de riscos... O presente que recebe hoje tem uma histøria bonita.
E o mesmo presente que seu pai recebeu hå 29 anos, quando feliz da vida seria pai pela terceira vez e também
completava 40 anos. Você sempre soube que este cordão seria seu, mas não sabia quando. Ele vai carregado de uma ternura imensa, nossa, da Mila e da Mari.
Guarde com carinho, seus aros entrelaçados serão como elos materializados nessa convivência de amizade e amor que compartilhamos.
Deus te guarde e proteja juntamente com essa familia tao linda e tão amada por nos.
Com carinho , beijos da Ritinha, do Zezim, da Mila, do Felipe, do Lucas, da Mari e do João

SAUDADE

O frio gelado bate nas minhas costas. As arvores balamçam seus galhos e fazem um barulho de chuva forte, sinto o cheiro
das rosas.A noite está proxima e escuto o canto dos passaros que buscam seus leitos. Nestes dias, temos vistos dois pica-paus que chegam sempre de manhã, serão os mesmos que William filmou na ultima vez que estivemos aqui ?
Este lugar é um Paraiso. Acabei de arrumar as malas, amanhã almoçaremos com a outra banda de nós, que nos esperam em Fortaleza. Foram vinte e um dias de férias deste casal de aposentados,dias de alegria, brincadeiras sem fim. Loura, nos levou a muitos passeios, amei a exposicão do Roberto Carlos na Oca, fui na feira da Benedito Calixto,
e tantos outros lugares. Voltamos cheios de carinho, abastecidos dessa convivência amorosa, marga registrada da familia. Ontem a noite voltamos de Campos de Jordao, foram quatro dias de puro prazer, fizemos trilha, Pedro, Loura e Mariana fizeram cavalgada, trilha de quadriciclo. Passeios lindos e inesqueciveis. Estivemos em Monte Verde e em Gonçalves. Na quinta-feira comemoramos o primeiro de abril foi lindo !
Esse quarentão parece um menino. E lá vamos nós, cheios de saudade esperando julho

segunda-feira, março 29, 2010

Ilustríssimo Senhor coordenador do MBA Executivo Internacional e International MBA FIA/USP, Prof. James Wright, Ilustríssimo e querido Professor homenageado Alfredo Behens, Prof. André Oda, Prof. Carlos Honorato, Prof. Emerson Maccari, Prof. Leandro Morilhas, Prof. José Roberto de Araújo Cunha, Prof.a Leda Machado, Prof. Lino Rodrigues, Prof. Oscar Boronat, Prof. Robert Wong, Sra. Margarida (representando o Prof. Gilberto Dupas - falecido em Fev/09, Prof.a Renata Spers (mesmo não estando presente merece ser citada), caros colegas, senhoras e senhores. Boa noite! Digo: uma excelente noite.
Aqui tenho a honra de representar 39 pessoas que agora possuem um motivo especial que as unem, chamado simplesmente turma 35.

Qual a semelhança entre aquele grupo jovem que chegava a FIA no dia 07 de agosto de 2008 e hoje? Qual terá sido o impacto do tempo sobre nós? Teria sido ele proporcional ao tempo cronológico.

Certamente não. Por isso os convido a uma rápida reflexão sobre o nosso tempo. Fragmentos que cunharam a história de um grupo de pessoas que em 20 meses transformou-se em uma verdadeira equipe.

Uma equipe muito inquieta, sonhadora, aventureira, empreendedora, marcada por muitas conquistas profissionais e pessoais. Unida durante as fases difícies vividas por alguns colegas: Um deles, traduziu assim: Alegria, angústia, incerteza, apoio e logo uma nova visão de vida. Um grupo alegre, multicultural , Poliglota, Quieres decir que nosotros hablamos varios idiomas? Bip, bip.... mestre Alfredo y su papaleguas, coiotes y mucho mas. As viagens para Europa, Ásia e Estados Unidos (O PIB até cresceu durante estes dias, estudos, conversas, compras, cervejas, compras, cervejas...) Uma frase que nunca calou.... Finalizou?

Os momentos são únicos e os melhores momentos são aqueles em que estamos perto de pessoas que nos querem bem .
Momentos inesquecíveis marcados por frases celebres.... tais como: O Zanella, diz ao professor: “Vou tentar ser mais prático para te ajudar”, a frase do professor Leão: “A maionese é o K&Y do rango”. “Não vou explicar porque você não vai entender...” ( de um certo colega com dificuldade de expressar o que vê), “O espetáculo do crescimento” , uma frase repetida várias vezes pelo André para expresar sua alegria diante do novo, Como não citar o mestre Alfredo... “O Peixe não sente a humidade” e para finalizar: MAX, você foi colonizado! GENIAL. Sem dúvida, perólas do nosso tempo.

História marcada também por Fragmentos de Fatos pitorescos: O curso de ninja do João Eduardo e do Leandro, O sono eterno de um dos nossos advogados pensando nas suas defesas, A amnésia do taxista Chinês, o B 52 do Fonseca, Os vinhos de sobremesa do quarteto parada dura, a roupa desaparecida as vesperas da tão sonhada maratona de Paris, a incrível capacidade dos colegas Canizza e Erni de formularem suas perguntas, as viagens mentais do Rebelatto, suas reflexões inalcansáveis de tanta profundidade. As lutas da turma sempre captaneadas pela líder Karime. As noites em claro , os sábados com cara de segunda, os finais de semana lembrando do Leandro e dos intermináveis exercícios de finanças de Harvard. Os filhos do MBA, não é mesmo MAX? A criação do BOTECO 35, eternizado pela nossa vontade de estar juntos.

Mas a nossa história também foi marcada pelas descobertas. A mais forte! O reconhecimento da importância da academia e da educacão de qualidade, da producão do conhecimento e o quanto isso é vital para o avanço do nosso pais, para o reconhecimento de suas necessidades e assim criarmos maneiras de influenciar em suas mudanças. Acreditamos que só alcançaremos um crescimento sustentável e sério com o avanço do conhecimento e a ampliação do acesso a uma escola de qualidade. Apesar das cuecas e meias, mentalidade que preferimos pensar que estejam em extinção, o Brasil é um pais maravilhoso, abençoado e vive o seu melhor momento. Logo na nossa vez? É verdade, logo na nossa vez. Cabe a nós privilegiados, transformar, construir uma nova realidade.

Mas o que fazemos com todo esse previlégio de ter cursado o sétimo melhor curso de MBA do mundo eleito pelo Financial Times? Desde 1980, quando tivemos a primeira turma deste MBA até hoje, apenas 1080 pessoas concluíram este curso. Se dai extraímos o percentual deste privilégio em relação a população do nosso pais, encontraremos vários zeros depois da vírgula. Isso não aumenta o orgulho, o ineditismo, apenas aumenta a nossa dívida conosco e principalmente com a sociedade.
Cabe a nós escolher que tipo de zero queremos SER ... os da esquerda ou a direita?

A nossa energia, vontade de viver, fazer e transformar nos levou, com a a juda dos professores Aron e Jackes, a pensar que não existe perpetuidade, conceito moderno de empresa, sem sustentabilidade. Nosso planeta tem sido consumido a exaustão o que vem comprometendo a nossa perpetuidade. Que mundo deixaremos aos nossos filhos e netos? Para esta pergunta que não tem nada de inédita já deveria haver uma resposta individual, responsável e concreta.

Um mundo de sentimentos explode e dentre eles a dicotomia entre o orgulho e a humildade... Orgulho por termos conseguido, completado um importante ciclo e termos aberto uma porta para um novo mundo. Humildade por reconhecer que somos apenas uma fagulha alegre neste imenso universo.

Antítenes de Atenas disse que “A gratidao eh a memoria do coracao”... E o coracão nunca esquece, por isso registramos aqui nossos agradecimentos; Telma, Ana Paula, Sabrina, Elaine, Elmo, Priscila, Cristiane, Ivana, Daniel, Felipe, Thiago, Robson, Ale, Cláudio e Roberto. E também a todos os nossos queridos professores, aqui representados na figura, literalmente uma figura, do queridíssimo professor Alfredo Behens. O NOSSO agradecimento especial ao professor Leandro Morillas, incansável na sua saga de com uma simplicidade de dar inveja, nos fazer melhores profissionais. E por último e não menos importante, aos nossos pais, irmãos, esposas, esposos, filhos, amigos e familiares, que pela sua abnegação incodicional, hoje são vencedores ao lado de nós formandos. Os agradecemos, sem vocês nada disso seria possível.

Nosso discurso não é um encerramento e sim apenas um começo. O MBA faz parte da construção de uma base com o objetivo de consolidar uma nova "plataforma de conquistas" para enfrentar os desafios que certamente teremos pela frente.

Um poeta em forma de música, que marcou mais de uma geração, dizia: "todos os dias quando acordo nao tenho mais o tempo que passou, + tenho muito tempo, temos todo o tempo do mundo.. todos os dias antes de dormir, lembro e esqueço como foi o dia, sempre em frente não temos tempo a perder". Renato Russo.
Se o presente eh a a única coisa que temos, façamos dele um passado memorável.

Muito obrigado.

Este foi o discurso que deveria ter sido lido pelo Jonas na Solenidade de Formatura , no entanto na hora H deixou o texto de lado e falou bonito.Momentos de felicidade!!!! Eram 39 formandos e quatro receberam Mençåo Honrosa e ele foi um deles.
A festa foi linda, Matheus filmou o novo discurso e quando voltar para casa certamente vamos ver o filme com a Mila e a Mari e viveremos outros momentos felizes.
Valeu Joninha , Valeu Loura, Matheus, Pedro e Mariana que suportaram firmes e fortes todas as ausencias necessárias.

beijos mil

quarta-feira, março 17, 2010

Quando a viagem e tranquila o medo desaparece. Jonas estava nos esperando e foi aquela alegria que envolve o corpo e o espirito. Nos encontramos na garagem, parecia que o tempo estava cronometrado.Loura e seus tesouros, Pedro , Matheus e Mari ana. Fartura de beijos que aquece os nossos coracoes. Os meninos cresceram mais, cheios de compromissos e tarefas, e a cacula conversa animada das suas novidades. Esta casa respira ternura e aconchego. Tudo arrumado para nossa chegada.
Hoje e a festa da formatura do Jonas, enfrentou este curso, MBA com toda garra e batalhou muito por este momento. Margarete fica no apoio diuturno para dar todo o suporte. Estamos muito felizes. Foi escolhido para orador da turma e vai fazer bonito.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Acordei às quatro da manhã e não consegui mais dormir. Margarete, Pedro, Matheus e Mariana chegam na madrugada e meu coração pula de alegria. Amanhã viajaremos para uma praia bonita e uma casa aconchegante. Voltaremos no domingo. Viva a VIDA!

domingo, dezembro 06, 2009

6 de dezembro de 1968

Há quarenta e um anos eles casaram e conseguiram uma felicidade sem fim. A família aumentou, de dois, já somos doze. Hoje comemoramos, os seis. Na noite de Natal estaremos juntos, os doze.
Muita coisa prá lembrar e agradecer ao Deus Pai e Bondoso que nos protege e nos guia
nessa caminhada, a caminhada do amor dessa família, amados e unidos, onde a dor ou a alegria é vivida intensamente por todos.
O ano está terminando e meus buganvillas estão florando e nossa família de São Paulo
está quase chegando !
Viva a vida, viva o amor.

quinta-feira, outubro 08, 2009

saudade

O DISCURSO

Às 18:00 h do dia 17 do mês de maio do ano da graça de 1947, nasce em Fortaleza á rua Dom Joaquim, uma criança do sexo masculino, terceiro filho do comerciário Gessiner Farias e sua jovem esposa Luiza Gurjão Farias, de prendas domésticas. Recebeu o nome de Bergson.
Desde muito cedo mostrou-se curioso e perspicaz quando com pouco mais de três anos de idade, perguntou a uma Tia-avó viúva porque ela não tinha filho, obtendo a resposta “ Porque Deus não quis que a tia Bia tivesse”. Bergson prontamente oferece-se para ensiná-la a ter um; Tia Bia era senhora da Igreja, filha de Maria e profundamente religiosa; ao ouvir o gentil oferecimento alarmou-se de tal maneira que ficou parada e sem fôlego, só mostrando reação depois que ouviu: “ a Senhora entra no quarto, fecha a porta, deita na cama e manda chamar a Dona Dudu (a parteira) que foi assim que a mamãe fez!
De outra feita quando teve dor em um dente de leite foi levado ao dentista; sentado na cadeira de paciente, observava tudo com muita atenção; derrepente descobriu um tubo fino de onde jorrava água dentro de uma pequena bacia e, um ventilador funcionando sobre uma estante alta: Virou-se para mamãe, e perguntou com lógica maior que sua idade: “Mamãe essa água vem daquele cata-vento?”. Este é o Bergson que eu conheci, com quem brinquei, briguei, o meu irmão e com quem só pude conviver até os 21 anos: o meu amigo, companheiro, o protetor e o beijador oficial da família, nomeado pelo papai. Não precisa nem comentar o quanto ele aproveitou-se do cargo.
Outro acontecimento que mostra seu temperamento e sua personalidade aconteceu quando Bergson tinha aproximadamente 16/17 anos: ele estava sentado na varanda de casa estudando, quando um Senhor humilde e mal tratado pela vida, encostou-se num muro dizendo: “Moço me dê um dinheiro para eu pagar um sangue, pois minha mulher está grávida e precisa de sangue”. Bergson olhou para o Senhor e respondeu: “Ê Companheiro tá difícil, eu também não tenho dinheiro, mas tenho sangue, serve?” Ao receber resposta afirmativa do desesperado brasileiro, colocou-o dentro do carro e foram para a Santa Casa de misericórdia.
Em 1969, Bergson conversando com o papai falou da necessidade de sair de Fortaleza, pois aqui Ele não via mais perspectivas de futuro, pois havia sido expulso da UFC, seguindo então para São Paulo e posteriormente para a região do Araguaia. A família não tinha idéia do que estava acontecendo no Araguaia, e que ele tinha ido pra lá.
Araguaia
O Estado brasileiro ainda está devendo às vítimas da chacina do Araguaia e aos familiares, primeiramente o direito à verdade dos fatos acontecidos na região, seguindo-se o direito de cultuar-se a memória dos que lá tiveram suas vidas covardemente tiradas, sem que lhes fosse concedida nenhuma chance de defesa. Quais crimes foram a eles imputados?
Atrevimento? Audácia? Sim! Mas isso não são crimes, e sim características de pessoas idealistas e sonhadoras. Por que rotulá-los de guerrilheiros? Na verdade eram jovens guerreiros lutando pela volta de um Estado Democrático de Direito ao nosso país.
Quando foi comunicada a morte do Bergson no Araguaia, à minha tia Maria e a mim, eu particularmente não acreditei, e acho que demorei 37 anos para aceitar a morte dele, pois sempre existiu a esperança dele estar vivo refugiado em algum lugar. A propósito a nossa Tia Rita Marques por 3 vezes representou a nossa família em comitivas que se dirigiram ao Araguaia com objetivo de encontrar quaisquer informações sobre os bravos guerreiros que tombaram nos combates ocorridos lá. Seria uma grande alegria a presença nesta solenidade desta amada Tia e que por motivo de saúde não pode estar aqui, mas tinha o Bergson como um filho homem que não teve.
Então veio a confirmação pelo Ministro Paulo Vanucchi, da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, de ser o X2 os restos mortais do meu irmão. O primeiro momento foi de surpresa e paralisia, para em seguida nos envolver um sentimento de felicidade, pela possibilidade de um reencontro com o Bergson. Que é isso que está acontecendo agora. No entanto para a realização deste reencontro foi necessário o trabalho e empenho de uma rede de brasileiros (da anistia, dos Dir. Humanos, dos grupos Tortura Nunca Mais, dos Grupos de Familiares, da Imprensa e de pessoas apaixonadas pela estória e idealismo desses jovens brasileiros, que agora agradecemos de todo coração o apoio e a solidariedade para com nossa família, e aos quais estamos unidos na luta pelo reencontro dos familiares com seus entes queridos que merecem um sepultamento digno. Nossa família considera um privilégio e um golpe de sorte o Bergson ter sido primeiro encontrado, segundo identificado e terceiro devolvido para que pudéssemos sepultá-lo. Era o sonho da minha Mãe morrer só depois de enterrar seu filho. Hoje, este sonho está sendo uma realidade para nossa família, mas continuamos solidários às famílias que não tiveram ainda o mesmo privilégio. Agradecemos o apoio recebido por todos que colaboram durante estes 37 anos para que esta solenidade hoje fosse possível, aos amigos nossa gratidão. E você Bergson, meu querido irmão, agora de volta ao seio da família descanse em Paz.

TÂNIA GURJÃO

quarta-feira, setembro 09, 2009

BERGSON

quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

" PORTA AVIÕES ATRACA AMANHÃ EM FORTALEZA "
Esta notícia no Diário do Nordeste de ontem me trouxe uma profunda saudade do
Bergson Gurjão Farias. Há pouco me sentei no parapeito da varanda, noite fria e
silenciosa, e enrolada na minha saudade lembrei do dia em que Bergson nos levou
para conhecer o Porta-Aviões Minas Gerais. Ficamos três horas numa fila, no Porto
do Mucuripe, mas fez questão de esperar: Rosa, Tânia sua irmã querida e eu. Não
sei precisar em que ano isso aconteceu.
Nossa amizade era fraterna, convivemos anos e anos, compartilhávamos muitas
coisas, passeios, reuniões, madrugadas e confissões. Dividíamos nossas dúvidas
amorosas, profissionais, filosóficas e existencias. Certezas e incertezas. Lembrei-me
de tanta coisa boa que vivemos, quando me encontrava preocupada com alguma coisa, ele cantava " A Rita levou meu sorriso " e terminávamos achando
graça e as preocupações iam para o brejo. Sempre que chegava lá em casa,
já entrava cantando músicas do Noel. Tinha mania por esta letra, que falava de uma
saudade que talvez não tivesse experimentado: " Não te vejo, nem te escuto,
o meu samba está de luto."
Sonhávamos com um Mundo Novo- diferente- e este sonho intenso é que o levou
para a Guerrilha do Araguaia. A última vez que nos encontramos foi em janeiro de
1969. Fazia um mês que me casara, tínhamos uma brincadeira, um acerto de que
seríamos compadres, um seria padrinho, madrinha do filho do outro.
Era madrugada, ouvi uma voz batendo devagarinho na janela do quarto " Rita, Rita !"
Pulei da cama assustada, " é sonho ?" Quando o William abriu a porta, foi uma emoção
diferente, de alegria, de saudade e de medo.
Conversamos até o amanhecer, estava acompanhado do Walmick e deixou conosco
umas coisas para guardar, e o compromisso de um segredo, ninguém poderia saber
daquele encontro. Falava com entusiasmo de tudo o que estava vivendo. Acreditava
que realmente estava lutando por um mundo novo. " Vai dar certo, vai dar certo "
Foi a última vez que veio a Fortaleza.
É, meu amigo querido, não deu certo para você, os monstros lhe mataram, mas não
foi em vão... Você não teve tempo, mas cumpri minha promessa. Jonas nasceu em abril de
1970 e o Junior, seu irmão estava no batizado representando você como padrinho.
Aqui em casa tem alguns objetos seus: retratos, bilhetes, uma camisa verde, era verde sim,
mas está desbotadinha , e uma vez ou outra coloco para lavar. Há pouco tempo, mamãe
me entregou seu terço, para dar ao Jonas. Pode ser que ainda tenha um Museu com um espaço para você e aí vou deixar lá todas as suas coisas, no acervo que contará a sua História.
A História de um jovem corajoso que largou tudo, uma família que você amava intensamente
e tantas oportunidades para uma vida calma e tranquila, na luta por Ideal em que acretitava.
E foi então sacrificado, nos seus vinte e poucos anos.


este texto faz parte do documento que entreguei a Luiza e a Tania, mãe e irmã do Bergson.
esperei durante anos, para viver este momento. chegou a hora. Bergson será sepultado em
Fortaleza no dia 6 de outubro próximo.

segunda-feira, setembro 07, 2009

Presente maravilhoso da Mila. Parabéns minha filha querida pelo aniversário e por essa MÃEZONA que você é. te amamos.

quarta-feira, setembro 02, 2009

A Carta

Tanto tempo que não passo aqui. me perguntam se desisti do blog.
não, apenas umas férias.
mari me fez hoje uma surpresa boa. william desceu para receber a correspondencia e me entregou
um envelope todo florido. carta postada ontem, que correio eficiente!


" Mãe e Pai,
Queria que essa pequena cartinha chegasse em casa em uma hora em que vocês dois estivessem.
Meu sono de ontem prá hoje foi permeado pela presença de vocês. Acordei muito cedo pensando em como foram preciosos e aproveitados os anos em que morei em casa, porque minha casa são vocês. Tive a sorte de insistir, mesmo debaixo de muito carão, para dormir no mesmo quarto com vocês quando estava para casar. E eu adorava... Como era bom acordar no meio da noite e ao alcance da minha mão estar você, mãe. E se eu estirasse os olhos, via o papai na rede, com frio. Era lindo.
Todos os dias sinto saudades e penso em vocês.
Mas é bom ter o meu canto. Bom mesmo seria a gente poder ser várias pessoas e ter várias casas.Morar em vários países. Talvez.
Mando vários beijos e agradeço muito a educação, o amor e a dedicação de pais, amigos e companheiros que vocês tiveram conosco, seus filhos.
muito carinho vai junto deste papel estampado de flores.
E amanhã começa setembro e vou almoçar aí
Mariana"



Mari , mari,
minha mari

você entende porque reclamo quando fico alguns dias sem te encontrar.
nosso amor é grande e seus abraços sem pressa me enchem de alegria.
sou muito agradecida a Deus pelo amor que recebemos de vocês. Que bom que somos nós
dos pequeninos aos mais velhos, todos carinhosos e cheios de ternura.
sua carta fez o dia mais bonito.

terça-feira, julho 14, 2009

meus meninos

meus meninos chegaram dia 24 de junho. meu coração se enche de alegria. é tempo de festa e os buganvillas estão floridos enfeitando a varanda, o vento trás os galhos dos eucaliptos nas nossas mãos. é tempo de festa.

domingo, maio 24, 2009

texto da mari, hoje, no O Povo

quinta-feira, maio 21, 2009

Jonas chegou dia primeiro de maio com a Loura e a Mari. Ficamos muito felizes. Dias de festas, muitas conversas, muitos abraços e muito carinho espalhado pela casa. Mari é um poço de ternura. Resolveu dormir no nosso quarto. No primeiro dia falou: vovó, quero dormir ouvindo as músicas que você cantava para os meus " irmões" e assim foi feito. na segunda noite : hoje, quero as músicas que você cantava para o meu pai e assim foi feito. na terceira noite: minha vó, hoje é dia de conversas, de contar histórias. contou muitas histórias, da escola, dos irmãos, das amigas do prédio. Jonas voltou para São Paulo na terça-feira e a noitinha ela falou: minha vó te amo muito, quero ter você para sempre perto de mim. amo sua casa, é toda linda gosto de ficar aqui... mas tenho que voltar, tenho meus amigos, minha escola, meu ballet e meus" irmões" mas, se você quiser eu te levo também. é demais para seus quatro anos.
sábado voltaram para são paulo ficamos abastecidos de carinho. logo chegará julho e estaremos juntos de novo. Ave! como diz a Luana.

quinta-feira, maio 07, 2009

Mari autografando o Transatlântico em BH. Voltou muito feliz, pelos amigos que encontrou, pela acolhida generosa da Lu e da Mirella, o encontro com a Natércia. Deu entrevista na rádio universitária da UFMG . minha menina escritora que amo tanto


sexta-feira, abril 17, 2009

texto da Mari que saiu hoje no O Povo, como parte do suplemento sentidos, em homenagem ao aniversário de Fortaleza desde segunda-feira. Mari escreveu para a edição Olfato, dessa sexta-feira e o desafio era "encarnar" Fortaleza e ser uma mulher de duzentos e oitenta e três anos.



A LINHA RECORTADA DE MIM

E se Fortaleza pudesse dizer de si mesma ? O que seus 2,5 milhões de habitantes ouviriam ?
Escritora, Mariana Marques encarna a capital. Vasculha aromas,lamenta saudades.

Que eu tenha aprendido em mais de duzentos anos a esconder meus cheiros mais preciosos, as histórias em segredo, a testemunhar em silêncio minhas últimas casas virarem prédios. Meu nome difícil, Fortaleza, de garras e grades, se solta quando penso nos tapetes de estames de jambo, avermelhando minhas calçadas tortas, a seiva bruta e elaborada de todas as minhas árvores. Meus passantes vieram um dia do interior, não faz muito. É por isso que quando cai a tarde, cheiro a tapioca, a café passado no pano, broa. Sou rural do lado de dentro das casas dos meus moradores mais antigos, quando teimam em pousar suas cadeiras na calçada, ver o lado de fora, conversar fiado, rir dos outros. Já seus filhos e netos gostam de expresso, massa folheada, de criar cachorro de raça, de televisão a cabo, de andar de carro mesmo que seja para ir à esquina. Ninguém caminha se puder dirigir, nem no meu bairro mais chique e cheio de rondas e oficiais. E meus passantes têm mania em me deixar (ou querer). Achar o novo, um outro lugar: que tenha metrô, que tenha livrarias de bairro, onde as pessoas andem a pé, onde toque rock. Eles, malas nas mãos, e eu um projeto de partir, uma paixão sem amanhã, um lugar-muro, uma intenção de deixar. A vida fosse um filme, eu faria qualquer papel. Papel de uma cidade que nem eu, onde sobra beleza, mas como ando depressa por esses tempos de duzentos e oitenta e três anos, os passantes raramente veem como é bonita a linha recortada do meu horizonte, e não me notam os detalhes. Feições de mar, quando sobem os pingos invisíveis de maresia - cheiro de peixe morto, de pescador, de natação, de criança. Gramado de estádio, cheiro de tangerina tira-gosto, de cimento, de suor, de homem ouvindo rádio grudado ao ouvido. Ando depressa, e os meus passantes raramente me notam as feições, e só sentem o cheiro quando é muito forte, quando o carro do curtume passa de um porto ao outro, carregando as vacas mortas, os bezerros, que vão por aí virar manta, virar tapete, sapato de bico fino. Em janeiro, cheiro a protetor solar do homem branco que chega para consumir, para arrematar, para procurar o bronzeado, as coxas, o sangue mestiço das moças. Cheiro a visita dos que me deixaram, cheiro a São Paulo, escapamento de carro. Aumento de tamanho, aporto transatlânticos. O sol que me queima dói, prega a pele no jeans, dentro do ônibus, ouvindo o programa policial dar a notícia das facadas, dos furtos, das brigas no meio da rua. Sou uma mulher quente, mas chovo em março graças a São José. Alago a maioria, as alamedas sem nome, os bairros sem pavimento. Cheiro esgoto, leptospirose, ratos, lixo, azedo. Desabrigo, dou perda total na vida de centenas, que choram na televisão local, pedindo ajuda ao serviço de utilidade pública do político que apresenta o programa. Do outro lado de mim, em alguma sacada de um restaurante bom, vinho bom, moças vestidas de preto, de guarda-chuva florido em punho, aproveitam o clima ameno, se transportam para um lugar fora de mim onde o calor não oprime, não limita, não desconvida. Cheiro de perfume francês, de uva pinot noir, de molhado, de doce. Andam devagar na chuva, sobem na bicicleta, ouvem Cartaz do Fagner, celebram os pingos, o frescor, a trégua do calor, ligam o parabrisa no máximo, param para tomar um café na galeria da avenida, um chá quente, têm vontade de amarrar um pano qualquer no pescoço, fazer cara de habitante de lugar que tem metrô, que tem livrarias de bairro, onde as pessoas andem a pé, onde toque rock. Mas sou só eu, chovendo em março. Bonita pra chover em março. Depois é outubro, e eu vento, e eu derrubo a maioria, as alamedas sem nome, os bairros sem pavimento. Do outro lado de mim, uma vela desliza no mar, um campeonato de kitesurf, os homens mais bonitos do mundo, os corpos, a festa da noite encerra, os narizes congestionados, e eu levanto as saias, eu vento, eu balanço os cabelos das moças. E ser uma cidade é esquisito, é desassossegado, é delicioso. A gente conta os anos, a densidade demográfica, o povo faz bolo, sai no jornal, os habitantes se multiplicam, a Iracema se enfeita de pedra colorida. O aniversário passa, os velhos morrem, os novos também morrem, é acidental e triste. No mesmo segundo, sou várias, aconteço difusa, guardo segredos: testemunha. E a diversidade me permite sentir o cheiro de algum quarto, em que a esta hora meus passantes se enrolam em brocados, lenço de cambraia, álcool, camisola, cama, incenso, mirra, ouro, os três reis magos, saliva, seiva, floema, estames de jambo, nudez. Ser cidade é o diverso - e guardar.

*Mariana Marques nasceu em 8 de junho de 1982, no momento em que o sol estava em gêmeos e acontecia o maior acidente da aviação brasileira até então. Feito vingança, decidiu ser alegre. É autora da pequena novela Transatlântico (La Barca Editora, 2009). Mora em Fortaleza e continuará.

quarta-feira, abril 15, 2009

A casa do meu avô... nunca pensei que ela acabasse, tudo lá
parecia impregnado de eternidade.
Manuel Bandeira

A casa do meu avô foi diferente, continua lá: linda, acolhedora, bem cuidada,
guardiã de segredos, amores vividos, amores acabados, carinhos e muita saudade. Saudades de todos que já se foram mas são lembrados com alegria. Saudade de tudo que vivemos lá, na casa do meu avô... Tudo isso, graças ao cuidado e zelo das minhas tias Nadyege e Idelvita, que tentam de todas as maneiras conservá-la. Cada canto tem a sua história, as cadeiras na calçada que continuam embalando as conversas nas noites frias, a mesa grande e farta, o barulho dos chocalhos do gado ao amanhecer, o canto maravilhoso dos pássaros, o cheiro do café com tapioca, cuscuz, queijo assado, coalhada.

Saímos de Fortaleza na quinta-feira pela manhã. A chuva nos acompanhou durante a viagem. Asfalto molhado, o sol escondido e a vontade de chegar logo ao destino. Eramos sete, os visitantes. Na chegada, palmas, choro e muita risada. A turma de lá é bem maior. Didi, Idel, Gertrudes e Rosário (são suas "filhas", adotadas ainda crianças). A Camila que é filha do Beto e da Luiza já está morando com as tias, precisa estudar. Inteligente, educada e muito sabida para os seus sete anos. Beto toma conta da fazenda ajudado por Anchieta e Manoel, irmãos de Luiza. Anchieta é casado com Marta. Maria é a matriarca dessa família, é muito querida por todos nós. É muito engraçada e dedicada. O passeio durou três dias e pareceu dez.
Falamos das lembranças, foi uma convivência alegre, tranquila, amorosa. Stenio inquieto, contador de histórias, de amores acabados e futuros amores. José Gerardo é o retrato da paz, da tranquilidade, do bom senso, Meire Celi nos deu muitas lições de garra e coragem na luta diuturna da sua recuperação, Lulu e Hesíodo vivendo um amor cheio de ternura, de atenção, esse amor que a gente fica feliz de poder acompanhar de perto. William sempre com suas brincadeiras e é muito querido de todos. Amei o passeio, fizemos planos. Planos que poderão ou não ser realizados. Na despedida o choro foi maior... era domingo, cedinho enfrentamos a estrada de volta e novamente a chuva nos acompanhou até Fortaleza.

sábado, março 28, 2009

São quatro horas da manhã. O sono se foi, saio do quarto de mansinho para não acordar meu Zezinho. A cidade ainda dorme, da janela do quarto vejo as lâmpadas acesas, lá prás bandas da praia do futuro, da janela da sala vejo as luzes pro lado do porto das dunas, da cidade 2000, da capelinha do Menino Jesus e aproveito o silêncio para agradecer a Deus. O céu está nublado essa madrugada não choveu pro lado de cá. Daqui a pouco os passarinhos começam seus concertos nos eucaliptos, aumentaram muito nesses últimos meses, e dia a dia temos esse privilégio de ouvir um espetáculo da natureza. São muitos e muitos, brancos, amarelos, cinzas. até beija flor tem aparecido. Lá pelas quatro da tarde eles voltam para outro espetáculo. Fecho o vidro da varanda, as folhas dos eucaliptos quase encostam ,e fico observando de mansinho.
Voltei a fazer ponto de cruz, com muito carinho fiz uma colcha para o berço do nenê da Lara e do George, nascerá em maio e eles ainda estão com o nome dele em segredo absoluto.Lara é exemplo de delicadeza, de beleza, de desprendimento, sempre desperta carinho em todas as pessoas que tem a felicidade de conviver com ela. Eita, casal bonito! é mais um Araújo que chega e será muito benvindo ! é o primeiro neto da minha prima e comadre Mary Celi e será para ela um presente precioso. Graças de Deus.
Jonas viaja dia 2, vai para o velho mundo como diz William, desta vez vai para a França e para Londres. Nestes dias tenho tido muita saudade deles, dia primeiro será seu aniversário, trinta e nove anos que recebemos esse presente. Nosso amor cresce mais e mais a cada dia. É sempre um fermento novo nas nossas vidas. Há muito tempo não passamos o seu aniversário juntos e mesmo sabendo que o aniversário dura um ano para que se complete novamente, este ano a saudade está bem maior e sei o porquê, vivo um tempo diferente que tenho que ser sempre forte, mas estou sempre fraquejando e fazendo força para continuar alegre.
Em julho comemoraremos os quinze anos de Pedro e Matheus, estaremos juntos e faremos aquela festa. Eles sempre estão mandando seus emais cheios de ternura. Mari caçula está maravilhosa, gosta muito de cantar, dançar, contar histórias de princesas, brinca muito de boneca, fala muito explicado, usa palavras difíceis para sua idade- é um encanto. Margarete caduca com tudo que a Mari faz, conversam como duas amigas da mesma idade. Lucas está bem mais calmo, mais centrado, seu vocabulário aumentou bastante, mas decifrar tudo é privilégio do Felipe e da Mila. Gosta muito de retratos e tive que esconder os álbuns, era a primeira coisa que fazia quando chegava , sentar no chão para vê os retratos. Aliás gostar de fotos é uma constante na família. Mila está deslumbrada, telefona a cada história nova. Ele é muito carinhoso, gosta de abraços apertados e longos, meu coração se enche de alegria. Nossos quatro netos nasceram com essa caracterista do afeto farto e alegre. Realmente os netos possibilitam uma nova edição dos nossos afetos.
A virose passou na família como um terremoto, primeiro foi o Lucas que sofreu um bocado, depois a Mila e a Maria. Fiquei dez dias e tome febre, nauséas, dor até nos dentes, fiquei sem me alimentar, só teve um pedacinho bom, perdi dois quilos. Telefonei duas vezes para o Monte Klinikum, a primeira tinham 19 pessoas esperando atendimento no segundo dia eram 26. José Gerardo foi o anjo da guarda, segui a risca sua orientação e graças a Deus o William escapou, era o enfermeiro. Betinha está doente desde o dia 18, fui levá-la ao Hospital Geral, tivemos muita sorte, era muito cedo e a fila na recepção tinha apenas dez pessoas, expliquei ao moço, ela está com a virose, desmaiou há pouco, me encaminhou para a enfermeira, mediu a pressão, anotou na ficha, vá para a porta x e explique ao guarda que ela desmaiou. o guarda atendeu , me encaminhou para um moço muito delicado, entrou logo em um dos consultórios para entregar a ficha.Betinha soando, lívida. Depois de um tempo " doutor ela está com a virose há seis dias". olhou pacientemente, calado escreveu o receituário e falou " é, ela está também com crise de asma, apresente a receita na sala x e depois volte aqui. A sala x tinha um guarda valente que não deixava ninguém entrar, mesmo assim fui sentá-la na cadeira de plástico. Sala grande, umas vinte pessoas fazendo aerosol, outras tomando soro, as atendentes de enfermagem, não tinham tempo de olhar no rosto de ninguém. Coitadas, também são vitimas do SISTEMA. Esperei duas horas, insisti com o guarda para ir vê-la, devia está cheio de ver minha cara de quando em vez e falou:
-" vou vê-la" ouvi sua voz alta, " o que? você quer cheirar alcool ? "
-" ela está é pedindo alcool"
- está pedindo alcool, porque está passando mal, respondi.
o primeiro que saiu da sala falou: ela desmaiou, mas ninguém viu.
o guarda perguntou: você quer entrar?
- já pedi tantas vezes, é você que manda"
sorriu com os olhos, não com a boca, precisava manter a sua autoridade.
Depois de duas aplicações de aerosol, soro, remédio sub lingual , voltamos ao médico, olhou novamente, entregou um receituário
-" Está tudo bem. Passou a crise mas volta, também sou asmático nunca fica bem. Não tem cura." Agradeci e saímos. Betinha olhou prá mim e falou: mas ele nem pegou em mim, nem chegou perto... é assim Betinha, assim funciona o Serviço Público desse País. A cada sala que entrava me revoltava com o que via e sentia, macas nos corredores, doentes gemendo ou gritando. A emergência era um caos, parecia um filme de guerra quando depois de uma batalha os feridos eram atendidos no chão pela Cruz Vermelha. Sai de lá mal, e cada dia lamento mais. a quem está entregue a cidade? a Prefeita está ausente, briga com o vice prefeito, briga com o presidente da Câmara, gasta muito dinheiro com lazer, este ano já trouxe muitos artistas para a cidade, as pessoas tem direito sim a cultura , mas vão continuar nas filas morrendo a mingua? nos Frotinhas segundo me dizem alguns usuários o quadro é bem pior do que o Hospital Geral. E o aquário que será construído pelo Governo do Estado, com um orçamento de 250 milhões ? segundo algumas fontes essa verba não pode ser usada para a saúde. sim e então ? e com saneamento também não ? construção de escolas também não? e e e e ? o aquário é para turista, que justificativa !
Mari também teve a virose, é tão inquieta que consegue ficar logo boa, bota a virose prá correr e vai a luta. tomou soro uma tarde no MK, o João ficou um dia de plantão cuidando dela, é dengosa que só... Tem trabalhado muito . Foi convidada para lançar o Transatlântico em BH, está feliz, feliz. Recebemos muitos telefonemas, muitos emails, cartões.Quanta delicadeza de tanta gente querida. Tivemos algumas horas juntos nesta semana foi muito bom. O almoço da quarta feira foi ótimo, a Tê veio me socorrer, estava de saco cheio de almoçar na rua. Só faltou o Felipe. O João é tão carinhoso com o Lucas, muito bom essa convivência amiga. Enquanto isso adotaram uma gata chata que mexe em tudo.

Ontem foi o aniversário do Felipe, filho da Susan e do Zeca, irmão da Camila. Casado com a Cristina. Meu afilhado mais inquieto. Adora cavalos, vaquejadas, derruba boi, gosta da chuva, do cheiro da terra molhada, do sertão dos Inhamuns. Desde pequeno que aprendeu a trabalhar, entende de veterinária, de agronomia, dá conta de tudo, esse menino.
Aniversário da Mazé Castelo também, gente muito boa. A comemoração será no dia do consórcio.
Hoje é o aniversário da Larissa e logo será comemorado no almoço na casa da querida Wal. Mulher guerreira que mesmo " partida " de saudade do Cesinha, continua na luta. Tocando a vida prá frente. Primeiro aniversário da Isabela, filha do Renatinho e neta da Mary minha amiga de duzentos anos. A festa começará as 18 h e a partir das dez da noite começa outra festa para comemorar os quarenta bem vividos do Renatinho. Também hoje é o aniversário da Tê, um anjo que apareceu na nossa família há vinte anos. Ajudou a educar nossos filhos principalmente a Mari atende a todos os seus pedidos e já conquistou o João Gabriel.
Parabéns para todos estes aniversariantes queridos.
O dia nasceu. Os pássaros já se foram. A chuva chegou.

quinta-feira, março 19, 2009

SURPRESA

acordei muito cedo. sonhei com a mari caçula, ontem ela cantou prá mim pelo telefone. uma letra linda, não sei como grava tudo naquela cabeçinha de quatro anos e que já fala em seus " sonhos", não nos sonhos de quando dorme, mas nos sonhos " de quando eu quecer". não é fácil viver longe das pessoas que a gente ama de verdade. matheus ontem nos enviou um email cheio de amor, falando da saudade da sua terra, do livro da tia mari, da vontade de estar por perto em todas as horas. a gente toma um susto... cresceram depressa demais. escreve como gente grande.
passei pelo" bruks" em seguida pelo" mmdesdobravel" onde se vai lendo e querendo muito mais prá ler, onde se encontra amor, saudade, garra, alegria e poesia. a poesia da vida. como escreve bonito esta menina! começei por ler fevereiro precisava me atualizar. tomei um susto, uma surpresa gostosa, que lava o coração neste dia de são josé, feriado em fortaleza e que é o padroeiro da chuva. como fiquei feliz... pensei, por que a outra mari não me avizou ?
tomei a liberdade de postar no memórias, são coisas do amor.

"em ingles, to look up to quer dizer admirar. gosto dessa expressao e a utilizo na minha cabeca em diversos momentos, mesmo quando estou pensando em portugues. porque a ideia eh mesmo essa, olhamos assim de baixo pra cima, com respeito, pra quem a gente admira. to look up to se aplica muito ao que sinto pela rita. que contraria o chico e sempre me traz o sorriso. a vejo sempre lah no alto, do alto da generosidade, do cuidado, do amor. tem rita pra todo mundo, basta abrir o coracao e estender a mao. a rita vai te estender a mao de volta e segurar bem apertado, mesmo que voce more muito, muito longe. a rita vai te mandar mensagens lindas, pra voce se sentir parte do mundo dela. jamais, ela vai te deixar esquecer do quanto voce eh importante. a rita vai te ligar todo dia quando voce ficar doente. voce vai sentir o olhar dela sobre voce, vai perceber a vibracao das oracaoes dela. e um dia, um dia qualquer, a rita manda um email e escreve um segredo, quase um cochicho no papel. e eu respondo: voce eh, rita. de coracao, de amor. esse segredo vai ser guardado, partilhado nas trocas de olhares, nos encontros poucos demais, durante os abracos sem pressa, quando a rita passar as unhas pintadas de vermelho bem de levinho nas minhas costas. mesmo que ela fizesse como diz o chico, e me levasse o sorriso, ainda assim, ela seria a rita. a rita pode tudo."


quarta-feira, março 18, 2009

O TRANSATLÂNTICO

O mar calmo e doce conduzia o Transatlântico para seu desembarque. Amigos esperavam ansiosos e inquietos. A Camerata Eleazar de Carvalho anunciava que logo mais, depois da sua música, era a hora do barco. A chuva de rosas caía tranquila pelas mãos dos alunos do Theatro, formando um tapete de pétalas vermelhas e róseas e acompanhada de olhares atentos e sorrisos doces e fartos. O violino tocava, e a menina sorria tímida com o coração transbordando de alegria, era mais um sonho realizado nos seus poucos vinte e seis anos.
A abertura coube à Sileda, que junto a Izabel foram responsáveis pelo convite de receber o Transatlântico. Sileda falou bonito, como sabem dizer as pessoas sensiveis e capazes de compartilhar a alegria. Lembrou da menina pequenina que agora vira escritora. Em seguida veio o escritor/poeta Carlos Augusto que falou sobre o livro, sobre os vários olhares da Mariana, a criação do Transatlântico, suas cores e seus tons.
A menina disse bem , falou dos seus escritos, dos seus porquês, do entender, do não entender, da sua alegria e da sua gratidão. Por fim veio o Alvaro, o editor mais jovem dessa cidade, criativo, sensível e corajoso por enveredar por caminhos novos.
A platéia era de amigos, amigos que vieram juntar-se a nós para participar desse momento de felicidade.
A noite chegou. O Transatlântico navega (e voa). Logo terá outro porto embora sem mar, será lançado em Belo Horizonte.
Voltei pra casa prenha de alegria, de bem com a vida, de bem com o mundo

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Janeiro passou rápido... nossos amados voltaram para São Paulo dia dia vinte e cinco. As férias encurtaram, geralmente as aulas só começavam em Fevereiro. Os meninos estão mais ocupados. Já em ritmo de vestibular, são três anos de dureza. Pedro está em turma especial precisa" ralar " muito para manter a média: 8,5. Pretende fazer medicina e Matheus quer ser advogado, ainda tem muito tempo para decidir. Mariana caçula, iniciou aula de ballet e está maravilhada, há muito que insistia com a Loura mas a idade não permitia. Hoje está completando quatro anos. A danada da saudade ainda persiste. A casa fica silenciosa e levo muito tempo para me acostumar. Sinto falta do barulho e até das teimosias.
É muita praia, muito caranguejo, muitas conversas, muitos questionamentos, muitas verdades, já querem " engrossar o talo " como dizia o William na época do Jonas. Mas graças a Deus são carinhosos e ajuizados.

Janeiro trouxe tristezas também. Tia Adélia se foi logo na primeira semana do ano. Não teve tempo de ficar triste, foi rápido demais. Quem podia acreditar que aquela alegria constante, aquele grande coração apaixonado pela vida, especialmente pelas crianças, estava enfermo e sem sintomas. Tia Adélia foi a professora que alfabetizou Jonas, Mila e Mariana no Colégio Canarinho. Depois de aposentada ficou trabalhando na Biblioteca do Colégio. Deixou dor na família, nos amigos, nas crianças do Canarinho. Nunca perdemos o contato, encontrar tia Adélia, era encontrar Vida, Alegria,Doação, Energia. Fui a missa com a Mila, foi linda a missa. E só ela poderia ter uma missa daquele jeito, do seu jeito. A sensação era de que ela estivesse presente. Mila se desmanchou em lágrimas. Trabalhou no colégio sete anos e teve tia Adélia como professora, como amiga, como exemplo de alegria e solidariedade. Tenho um retrato dela com o Jonas, a Mila grávida do Lucas e a Mari, quando tiver saudade do sorriso farto é só olhar o retrato. Certamente já espalhou sua alegria no céu como fez na terra durante seus anos tão bem vividos de amor. Abraços para sua família , especialmente para a e a Fátima.
Hibernon também se foi, traído pelo coração. Foi difícil demais para seus filhos , netos e amigos.
Oito dias para chegar em Fortaleza, a burocracia americana é complicada e trouxe mais sofrimento para a família. Uma viagem de férias que se transformou numa tragédia. Segundo a Mary foi a neguinha que veio buscá-lo, a D. Carmem como ele gostava de chamar. Deus acalme os corações dessa família querida. Ainda nem se refizeram da saudade da " Neguinha" precisam de muita coragem.
A Praça Martins Dourado, a praça mais bonita do Papicu, perdeu o " seu atleta" número um. Todos os dias Barbosinha estava lá, alegre, disposto, conversador. Falava com todo mundo. Chegava cedo e só voltava para casa lá pelas nove, dez da manhã. Usava uma toalhinha no ombro para enxugar o suor. Sabia de todas as noticias do bairro e da cidade e acompanhava vários grupos. Idade não era problema para ele, adorava a vida. Mas o coração acelerou demais... ´Foi uma pena Barbosinha, a praça está sempre bonita, bem cuidada mas certamente com uma saudade danada de você.
Dona Elene, sogra do Louro mãe da Lucinha foi outra perda. Mulher corajosa e exemplo de vida.Sogra perfeita, era mais mãe do que avó dos netos.
Guardiã da família mais unida e amorosa que conheço até hoje. Seus seis filhos são exemplos de uma convivência sem igual. Entrou para a cirurgia sorrindo, cheia de coragem, mas... quem podia pensar que havia chegado a sua hora.

Fevereiro me encontrou com uma bruta crise de labirintite. Em Janeiro já tinha sentido alguns sinais, mas fui deixando passar. Ela chegou forte, o mundo rodava como um carrossel, náuseas, suadeira, só sabe, quem tem. Há muito anos que eu não tinha uma crise dessas, pensava até que tinha ficado boa. Fiquei de cama, não podia ler nem ver televisão. Agora o carrossel já melhorou, mas ainda fico rodando quando me deito, me levanto. Não posso ainda baixar a cabeça, nem olhar para o alto. Tudo bem, já,já fico boa. Dr Dirceu me passou 30 dias de Labirin, faltam 20 dias para terminar. Sei bem direitinho o porque da crise. Mas tudo tem jeito nessa vida.

terça-feira, janeiro 27, 2009

Mônica querida,
como não consegui acessar seus comentários, resolvi postar aqui. Li seus textos e como sempre seu modo de escrever me encanta.
A história da D. Margarida me comoveu, você me fez imaginar cada minuto da cena vivida. E como deve sofrer esta senhora! Engraçado que, na semana passada, Matheus descobriu uma grande borboleta no lustre do quarto, estava lá asas abertas, sem pressa, parada no tempo. Era escura e tinha desenhos nas asas. Vovó, ela está se esquentando, lá fora está frio...Fechei a luz e nossa visitante voou, voou e pousou na cortina branca. No outro dia, Pedro achou que era preciso abrir toda a janela, pois ela precisava reencontrar a natureza. Ficou conosco dois dias e domingo a encontrei na porta do quarto da Mariana e de lá foi embora. Era o dia da volta de Pedro e Matheus para São Paulo. Quando era criança ouvia dizer que as borboletas nos trazem felicidade. Não tinha ainda ouvido a interpretação de D. Margarida, mas hoje ao ler seu post concordei com ela... Será que a borboleta que nos visitou, com suas asas esparramadas, nos falava de uma saudade que iria habitar esta casa pela falta de nossos meninos? Acho até que não parou no quarto da Mari por acaso, ela também sente falta, mesmo dividindo o quarto, suas canetas, seus lápis de cera e o computador... Mas Mônica, a saudade de que fala D. Margarida é diferente, machuca, corrói, endoidece. É aquela do nunca mais ver.

Este texto foi postado em 2003. Coincidência... sábado a noite encontrei uma linda borboleta na parede da sala, eu estava no sofá e ouvia as conversas dos meninos que arrumavam as malas. Imediatamente lembrei deste texto. Ficamos os três conversando até muito tarde. O coração já apertado de saudade. Viajaram cedinho. Muitos abraços e muitos beijos. Me sustentei até a porta do elevador se fechar. Quando fechava a porta a borboleta voou pela sala e foi embora. Coincidência... as lágrimas rolaram fartas e o dia foi longo.

Cada período de ferias é diferente. Nossas conversas são longas e divertidas. Pedro e Matheus crescidos , inquietos, teimosos e extremamente carinhosos. A Mari é uma graça, fala tudo, entende tudo e já quer ser independente. A Loura tem que ter toda a paciência do mundo para administrar essa cambada.








sábado, janeiro 24, 2009

terça-feira, 22 de julho de 2003

Esta história de casar e descasar tem me deixado uma certa inquietação. Não pelo fato da separação em si, cada um é o dono do seu destino, só se deve ficar junto quando o amor permanece. Quando o amor "endurece", mesmo que ainda exista muitas coisas guardadas dentro de si, é hora de partir. Para se viver junto é preciso formar um par, um par alegre, com seus segredos e cumplicidades. Tem que gostar da companhia um do outro, ter tesão, tem que existir coragem e paciência para conviver com as diferenças, cada um é cada um, sentir que é bom voltar para casa depois do trabalho, as "escovas" precisam conviver bem na paz do dia a dia.
Filhos. Não se deve permanecer junto apenas por que existem. Logo serão responsáveis pelos seus caminhos e o tempo não volta, cada um deve procurar dar uma nova cor a sua vida.
A minha inquietação é em relação a perda da nossa convivência, de repente interrompida. Na nossa família, com algumas exceções, alguns descasados que partem, desaparecem, levando nossas lembranças e só. E a amizade construída ao longo dos anos? Eu e William sentimos falta e não conseguimos entender esse comportamento. Por que tem sido assim? Por que se separar também dos amigos? Depois dessas experiências do "não deu certo", "era o jeito ", "estava de saco cheio", "vou dar um tempo", "foi melhor assim", não se sai inteiro, diante da dor é preciso se falar baixinho, entrar nas pontas dos pés, diante da dor a gente se inclina, se desvia, respeita e espera um tempo. Quando chega a hora da gente chegar perto? Sempre um sai mais triste, mais magoado. Nós tivemos as nossas perdas e aproveitando a deixa mando um abraço afetuoso para os que sumiram.
Zequinha querido, você representa a grande exceção, é o nosso consolo, pois a nossa amizade continua sem rachaduras, firme como uma rocha, e a cada dia que passa a nossa convivência vai ficando melhor. E termino este post, agradecendo por tudo que você representa na nossa família, por este sorriso farto e este coração generoso. Você é também um irmão, um tio carinhoso, um amigo maravilhoso que sabe tocar as cordas dos nossos corações
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sexta-feira, janeiro 23, 2009

PARABÉNS!


Jonas e Margarete,
meus queridos,

Que vocês continuem firmes e fortes,
levando uma vida juntos com sorrisos leves
e momentos doces.
Que o futuro solidifique a cada dia mais,
esse amor em constante construção,
caminhando juntos e compartilhando essa história
com amor, com firmeza, com coragem o que
tem sido uma constante em suas vidas.
Todos nós comemoramos essa data com muita alegria
e muito agradecimento
a Deus.
Pedro, Matheus e Mariana vieram fortalecer mais esse Amor
tão lindo e verdadeiro nestes quinze anos bem vividos.
beijo e o carinho dos Araújos, Marques, Ferreiras e Simões

PARABÉNS!

Mari e João completam hoje um ano de casados. Graças a Deus estão felizes como merecem. Alegres e cheios de planos. Revivendo o dia D que tão depressa passou deixo aqui registrado
o texto do cartão que acompanhou o presente dela no dia vinte e três de janeiro de dois mil e oito.
" Mari, ana meu amor.
O tempo correu tão rápido, que me assustei de verdade.
Tive momentos de alegria, de tristeza, de estresse, de dúvidas e
de intensa felicidade.
vivemos esses momentos, esses noventa e tantos dias de preparação
e esse tempo nos " juntou " muito mais, conheci outras maris e você conheceu
outras ritas.
Pensei muito, muito, no presente que devia te dar neste dia, queria uma coisa
que marcasse, que ficasse, que nunca se acabasse, até que em uma das noites
insones, descobri, parece com você, é meu, é seu, como não descobri antes ?
é o presente perfeito, tem uma história, não se acaba. Quero que você tenha cuidado, zelo, carinho, não por apego, mais será parte de um pacto, de que sempre estaremos juntas, para sempre ETERNAMENTE.
Parabéns e a felicidade toda do mundo para vocês
beijo da mãe Rita e cia"

tive uma grata surpresa quando recebi as fotos do casamento e lá estava ele o anel que usei
durante tantos anos. o Daniel sem saber fotografou o meu presente para ela que simboliza o nosso pacto.

João e Mari,
meus queridos
Parabéns e continuem vivendo esse Amor a cada dia construindo a história de vocês.