Dona Mirtes, Mirtes, tia Mirtes, Mamãe, Vovó, Mainha, muitas mulheres numa só, alegre, solidária, competente, inteligente, vaidosa, curiosa. Partiu silenciosa, na tarde de quinta-feira, antes do carnaval. Quantos carnavais passamos no Morro Branco, casa lotada, som estridente, adolescentes inquietos e incansáveis. Nada reclamava, só ajudava, sempre preocupada com a alimentação de todos, querendo acompanhar tudo, sem hora para dormir, era a guardiã a nossa matriarca. Gostava de ouvir suas histórias, de ver suas revistas, de admirar suas artes. Sempre que ia a sua casa tinha uma peça nova pra mostrar: cintos, blusas, bolsas, bijouterias, sempre para presentear, nunca para vender, fazia as peças das suas meninas e ampliava a sua generosidade para as minhas meninas. Acometida da doença de Parkinson, não se entregou em nenhum momento, continuou a cada dia criando mais e mais suas bonitas peças.
D. Mirtes deixa muitos exemplos, muito amor compartilhado, muita ternura derramada. Vou sempre tentar me lembrar das palavras da Lívia, quando fomos apanhar a Dani no aeroporto, tão pequena ainda para entender aquele momento, e tão sábia "tia Rita, não precisamos chorar, não vamos ficar tristes, a mainha só mudou de casa". Quanta saudade vamos ter desta mulher verdadeira e corajosa. Deus conforte o coração de toda a sua família, em especial, do Cesinha, tão paciente e solidário com essa sogra que se tornou outra mãe, da minha querida Wal tão contida na sua dor gigante mas corajosa na sua fé, nas suas eternas meninas Daniele e
Laryssa e na pequena Lívia, que conviveu tão pouco com a sua Mainha.
"... virou anjo, passarinho, criou asas, foi pro céu".