O pássaro era um galo campina, que algumas pessoas chamam de "Cabeça Vermelha". Viera das bandas do Sertão dos Inhamuns. Presente da avó amiga e dedicada ao primeiro neto, chegou numa gaiola bonita e bem trabalhada, que as mãos cuidadosas de alguém construíram especialmente para entrega do presente prometido.
O pessoal da casa vibrou em solidariedade à alegria do pequenino, e eu, como mãe da alegre criança, passei a cuidar do pássaro, que nos acordava a cada manhã com seu bonito canto, nos trazendo uma mensagem da necessidade de enfrentar novo dia de trabalho.
Passaram-se meses e o menino inquieto em descobrir as coisas da vida, insistia que lhe entregassem a gaiola, queria ver de pertinho, como dizia. Colocava seus dedos entre os arames tentando segurar o pássaro e senti-lo seu.
Um dia, ao voltar do trabalho, encontrei a gaiola vazia. Perguntei o que havia acontecido e ele me respondeu: "Mãe, mandei ir embola, ele disse que já estava tliste de tar pleso."
Não comentei, não reclamei, mais senti falta e por vários dias olhando a gaiola vazia, imaginava o pássaro solto e alegre nos galhos de uma árvore florida,alegrando com seu canto a natureza
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