segunda-feira, novembro 10, 2008

pra matar a tua saudade, morena.

mãe, 
 
isso que eu sinto agora é síndrome do ninho vazio? quem sabe. só que desta vez a mãe e o pai abandonaram as duas passarinhas, numa aeronave da ORBIGADO POR ESCOLHER (?) A TAM, pra ficar com um passarinho que mudou de ninho foi cedo, em são paulo. sinto saudades de vocês toda hora. é confortável saber que estão ali o tempo todo, bem pertinho, a três quadras, pra onde eu posso ir a pé, naquela minha bicicleta feia do bompreço, de carro ou de oimbo. ouço pouco a voz do papai. ele não gosta muito de telefone. em compensação, quando eu falo com você, ele fica do seu lado ditando, perguntando, ou falando bem alto comigo, sabendo que eu tou ouvindo a voz dele longe do telefone, essa típica voz. suas plantas estão aguadas, suas contas estão pagas. só a veja não consegui tempo pra pagar, porque só pode no Unibanco, e eu ando tão aperreada de tempo, mãe. seu banco é bem melhor do que o meu. a gerente mandou beijinhos e me deu capuccino, sabiam os seus nomes, nananam, aquela roupa arroxada dela podia ser um pouco mais frouxinha, aquele scarpin enorme... no meu banco só quem me conhece é o pedro paulo, que fica no hall ajudando o povo a apertar os botões direito no caixa eletrônico. ele se candidatou até a vereador. 
a terezinha tem vindo ajeitar a casa, tá tudo bem, tá tudo direito. me lembrei uma dia desses que tu vem muito pouco aqui em casa. acho que é porque eu não te dou tempo e vez ou outra tou na tua campainha, botando o carro na tua garagem, usando teu batom, curiando tua agenda, vendo se tu comprou novos tons de esmalte vermelho, ouvindo as tuas lamentações e tu as minhas. a gente ri, viu, mãe, e eu rio porque eu sempre te acho tão fina e linda e elegante e pudica pra dizer aquele tanto de nome feio que tu diz. e depois gargalha, como quem diz: eu digo muito nome feio, né? e eu acho bonito tu dizendo nome feio. é por isso que tua pressão é boa.
fico com inveja de ti e do papai nas tardes quentes, vocês aí usando roupa de meia estação. tu sabe como eu fico feia no calor. tenho inveja até de ir pro shopping coninental ver NADA. e tu dizer, depois de passear: nanoca, o que a gente tá fazendo aqui? esse shopping não tem NADA. e eu digo: quem quis vir? eu sempre soube que aqui não tinha NADA. bom mesmo só a casa lotérica e as americanas express. fico querendo ver o matheus aninhado comigo, que eu tenho certeza que eu sou a tia preferida dele. vendo o pedro crescer tão depressa. a mariana ainda tá pregadinha contigo? tudo é a vovó?
todo mundo pergunta por ti. a helenilda está com saudade de limpar tua casa, a sílvia me ligou dizendo que ficou arrasada porque liga liga liga pra tua casa e ninguém atende. a terezinha sente. a alissandra quer fazer tua sobrancelha, o porteiro tá com saudade do papai. esqueci o nome dele agora, porque lá muda muito de poteiro, ave maria. a tua vizinha quando me entrega a correspondência só falta não me deixar sair e conta um diário enorme do prédio, me etrega um pilha de jornal. Mãe, por que tu mandou guardar esse jornal todinho esse tempo todo que tu iria tar fora, mulher? tu vai viver até infinitos anos e não vai ter tempo de ler esses papéis tudim. Sem falar que pesa, viu. guardei todas as malas diretas de loja de informática, roupa, banco, seguro, readers's digest que tu pediu: não jogue nada fora, e repetiu isso 22 vezes no caminho do aeroporto. 
 
tenho tido tardes lindas, mesmo a fortaleza no modo pegando fogo. tenho visto lido sentido e ouvido coisas lindas o tempo inteiro. livros, um show, um vídeo, sorrisos, um recorde no guitar-hero do playstation (é, playstation é o video game do joão). 
pois diz ao papai que eu encontrei um senhor no banco que eu tenho certeza que conhecia ele, porque tava dizendo que era da fazenda. aí eu ia me apresentar, dizer eu sou filha de jwrf, moço. o senhor conhece? porque eu gosto de ouvir as histórias dele contadas por outras pessoas. e sempre se confirma a imagem que ele passa pra todo mundo com quem ele convive, todo santo dia. mas aí fiquei com medo, mãe, de me apresentar pro homem. chegou uma mulher antes de mim e disse: seu silva, o senhor não tá me reconhecendo não? eu sou a filha do Santos, aquele da fazenda. aí ele ficou contemplando aquela figura loura redondinha, feita no compasso, a filha do Santos. aí ele disse assim: minha filha, só se você tiver engordado muito. Tu acredita mãe? tu acha então que eu ia puxar conversa com um homem desses?
(pra encurtar a história, ele acabou puxando conversa comigo, achou muito pouca coisa quando eu disse que eu era formada em comunicação na unifor. depois de ele perguntar MINHA FILHA QUAL É SUA PROFISSÃO? VOCÊ É MÉDICA, É?) falou um monte de coisa legal do papai, um monte de coisa linda. e como ele é bem sincero, acho que era tudo verdade.
 
sinto falta do teu suspiro, da tua cantoria quando fica nervosa, da tua pele brancosa e do teu cabelo que, a cada ano que passa, vai ficando mais louro. 
te amo, 
acaba logo com essas férias.
 
mariana
 
PS: que dia vocês voltam mesmo? tá é difícil marcar essa passagem, viu. a milena me disse hoje no almoço que era dia 11. é?
vem logo, que o lucas tá muito maior do que quando a gente viajou. calça o sapato, só quer saber de dançar e dos backyardigans, e de jogar o celular da milena lá embaixo. vi ele dizendo uma palavra nova quando eu fui lá essa semana, mas eu não sei mais não. "mamá" continua valendo pra ele pela palavra que designa mãe ou mamadeira, contendo qualquer coisa dentro. o joão abandonou o pilates, eu tive de dispensar o rafael porque estava meio lisa esse mês (por que será, vinte e cinco de março?) ah, cortei o cabelo. tá curto, mas eu juro que ficou bom. não ache ruim. te mandei um sorriso por e-mail pra tu ter saudade de mim, bichinha. só quer saber do jonas.
 

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Chora violao!!!! Eh por isso que vocês precisam tratar o Zezim e a Ritinha muito bem, todos os dias. So faltam 330 dias para eles voltarem para ca. Passarinha?

18 novembro, 2008 16:50  

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