quinta-feira, março 08, 2007

Quando a ciência não dá conta de tudo

MARIANA MARQUES
Publicitária

Foi desde criança que aprendi, dentro de casa mesmo, que o mais importante não era o dia das mães, dos pais, da mulher, das crianças. Lá em casa tinha essa de que esses dias era todo dia do ano, e que o mais importante era não mudar de comportamento, feito uma varinha de condão, e virar a melhor mulher do mundo no “Dia da mulher”. Não adiantava. A graça estava mesmo nos outros 364.

Mas a história é diferente na data. Como se desistíssemos do nosso próprio ideal de comemoração, se é que temos um. Nós, as três mulheres da casa, costumamos acordar com um ar meio superior, meio robusto, feito aqueles personagens de desenho animado que entortavam a coluna inteira para estufar o peito.

Às vezes são cartões, pequenas flores, um bilhete. Às vezes simplesmente nos abraçamos. A farmácia distribui rosas, o colégio dava bombons, mas ninguém sabe a razão de aquela data ser naquela data. Um dia até vi no jornal que a origem mais provável é uma manifestação que aconteceu em Nova York em 1857.

Quem eram essas mulheres que lutavam e quem somos nós hoje. Depois de tantos anos de discussões sobre o gênero, sobre a feminilidade, sobre praticidades outras como mercado de trabalho, salários, produções independentes, o que virou o dia da mulher?

Cheguei a pensar por alguns anos adolescentes mais rebeldes, que era algo totalmente sem serventia, diante da infinidade de mulheres que não merecem ser homenageadas nem por 24 horas. Mas se assim fosse não haveria uma data comemorativa a escapar. E, convenhamos, elas nos divertem. São comerciais, nos fazem gastar dinheiro, comemoram uma invenção, mas nos divertem. Minutos de saudação pelo dia da mulher ou uma comemoração quase cotidiana com abraços podem salvar um dia, uma semana, um ano inteiro.

A discussão sobre o gênero, a feminilidade, a sexualidade e todos esses termos modernos nos faz refletir sobre a importância ou desimportância das disparidades entre nós e os homens e suas conseqüências. Isso tudo sucumbe à magia do poder, supremo e único de que dispomos, e por meio do qual viemos a este mundo - o de sermos mães, ainda que latentes.

Este ano uma das mulheres daqui se tornará mãe. Carrega esse poder num barrigão enorme, de dar gosto. Vem aí um novo homem para a casa. Mais um para reclamar e questionar: Mamãe, por que não existe o dia do homem ?







3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

;]

10 março, 2007 17:57  
Blogger Marcelo Dutra said...

Oi Ritinha
Muito bom mesmo o texto da Mariana. Obrigado por tê-lo publicado aqui e dado a oportunidade de conhecê-lo. Transmita meus parabéns a ela e o incentivo de continuar escrevendo.
Abraços...marcelo

11 março, 2007 17:15  
Anonymous Anônimo said...

marcelo!
muito obrigada pelo elogio.
você é muito querido aqui em casa.
venha logo de novo a fortaleza pois só tem comida gostosa mesmo quando vem gente especial como vocês!


(MÃE, BRINCADEIRA)

mari

14 março, 2007 15:16  

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