sexta-feira, dezembro 02, 2005

Reedição de afetos

A casa está em festa. Acho que hoje não vou conseguir dormir. Parte da família de São Paulo chega amanhã, os netos amados Pedro e Matheus. Preparei a iluminação da varanda, árvore de natal, enfeites e a cesta com os chocolates preferidos. A rede branca que guardo com carinho vai estar na varanda esperando por eles. Depois é observar aqueles balanços inquietos e exagerados. Sempre moraram fora, mas não me acostumo com a danada da saudade. É engraçado, nos falamos sempre, sempre, participamos de tudo que acontece por lá, mais isso não basta. Preciso daqueles abraços sem pressa, dos beijos, dos apertos, das cosquinhas, das histórias engraçadas, da reza antes de dormir, das gargalhadas que enchem a casa, das perguntas inesperadas e das teimosias também. Tenho absoluta certeza de que estão bem, São Paulo é mesmo onde devem morar, estão adaptados e felizes mas tenho a sensação de que o tempo passa rápido demais e que logo serão adultos (Matheus já se acha adolescente com 11 anos) e perco essa convivência maravilhosa da infância. Quando chegam esqueço o relógio e guardo o calendário até chegar o dia da volta.
Dia 17, chegará o resto da turma: Jonas, Loura, Mariana e Inês. O grupo estará completo e o coração abastecido. Sou chamada por alguns de avó exagerada, mas gosto de fazer as coisas por inteiro, e esse presente precioso de ser avó me leva a enfrentar qualquer desafio, me entrego inteira e isto me faz feliz. Convivo com algumas pessoas que acreditam que ser avó é gostar do neto sem assumir responsabilidades, é deixar fazer o que quer sem limites. Já ouvi esta burrice "avó é para desmanchar o que o neto aprende na casa do pai". Penso bem diferente. Ser avó é orientar, discutir, ouvir, ser participante na construção da história de vida dos netos, é colaborar com a educação dada pelos pais. Os avós são mais pacientes, porque têm mais tempo e não estão no fogo cruzado na luta da sobrevivência. É uma experiência diferente, é a oportunidade de reviver emoções fortes, reconhecer a necessidade de se tornar mais jovem para sentar no chão, brincar de construir castelos de areia, sujar as mãos de argila, ninar os netos com canções que embalou os filhos, reinventar histórias já contadas colocando outros tons e outras cores, tudo isso fortalece o sentimento de uma ternura inexplicável. Todas estas coisas parecem tão simples e são experiências enriquecedoras. Um sentimento ampliado de cumplicidade com o filho que parece até mais querido, por ter nos dado este presente precioso. É a maravilha de ter filhos, de SER DE NOVO. Reedição de afetos.

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

mãe,
já que o jonas ficou mais querido, minha próxima meta é ter um menino.

tô brincando.

03 dezembro, 2005 12:53  
Anonymous Anônimo said...

Ritinha,
Sei o quanto é maravilhoso esse tempo de férias e de curtição dos netos e cia. Tudo isso faz remoçar e é contagiante a alegria da família Araújo Marques Ferreira.
Sejam bem vindos.
Wal

03 dezembro, 2005 12:53  
Blogger Marcelo Dutra said...

Lindo, Ritinha.....simplesmente lindo.
Abraços...Marcelo

04 dezembro, 2005 19:16  
Anonymous Anônimo said...

ritinha,
com a vontade q eu ja tenho de ser avó, vc só me deixou com mais agua na boca. acho uma delicia esse aconchego, esse prazer q vcs todos tem na convivencia com os netos. imagino o que eles vão contar pros filhos deles sobre as ferias na casa da vovo ritinha em fortaleza, das historias que ela contava, das conversas que tinham e que lindas lembranças de natal eles terão. com certeza a vida deles será muito melhor porque voce e o william existem.bjo no coração

05 dezembro, 2005 06:25  

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