Sim, esta é a casa do Sabuji. Fazenda do meu avô. Hoje cuidada pelas minhas tias, as herdeiras. As donas do caderno. Calçadas altas ao seu redor, paredes largas, portas longas, ampla e acolhedora. Casa cheia, barulhenta e animada, mesa farta e bebidas "controladas". Minha tia Idel sempre a postos para "racionar" a bebida de alguém para evitar possíveis excessos. Lembranças de todos nós. Quando crianças era lá que passávamos as nossas férias e os prolongados feriados da Semana Santa. Quando adultos, nas festas em comemoração aos aniversários do vovô. Ele não deixava a data passar em branco. No início, a festa era nossa, da família, o tempo foi passando e aos poucos foi se tornando uma festa pública e deixando de ser nossa. A cada ano, vinham mais e mais pessoas da cidade. Juiz, promotor, padre, políticos e seus muitos amigos. Fazíamos a caminhada de Fortaleza-Tauá durante dezessete anos, nunca houve um contratempo, nada dava errado. A festa sempre era comemorada no fim de semana mais próximo do dia 30 de agosto. O alvoroço comecava bem antes da viagem, escolher o ônibus mais confortavel, negociar preço, organizar a quota, pensar na programação da festa. Mariano era o orador da família e, mesmo sem combinar, sempre falava o pensamento do grupo. Meire Celi se encarregava de criar as letras das músicas e versos que eram cantados e contados na festa pelos netos e bisnetos. William era o responsável pelas fotos, filmagens e os fogos. Estes, começavam a troar quando chegávamos na entrada da cidade, era o sinal da chegada. Sempre fiquei com a coordenação do grupo. Ônibus lotado e saíamos de Fortaleza após o almoço na sexta-feira. A festa começava e só terminava para nós no domingo à noite, quando retornávamos com o coração apertado de saudade. E é por tudo que ela representa nas nossas histórias que escolhi esta foto para inaugurar a nova casa que guardará as memórias da Ritinha.
Lembranças de todos nós.