A casa está silenciosa. Acordei muito cedo e combinamos que agora quem primeiro acorda sai na pontinha dos pés para não acordar o outro. Logo iremos para a caminhada na trilha do Cocó. Caminhamos, escolhemos um banco que nos deixa na sombra, e depois das conversas, fazemos outra caminhada e aí, é hora de voltar prá casa.
Depois de trinta e nove anos é a primeira vez que ficamos sem secretária e sem filhos morando em casa. Algumas horas é maravilhoso, você é dona do seu silêncio, da sua vontade, enfim de você toda. Dividimos as tarefas, mas o Zezinho é sempre quem trabalha mais. Elenilda vem na quinta-feira e deixa tudo brilhando, faxina sem defeitos. É quase perfeita. Como temos umas viagens programadas não quero secretária por enquanto. Betinha resolveu que não voltaria depois das férias, agora quer ser diarista, tomara que dê certo, ele merece. Foi a primeira vez na minha vida que fiquei sem secretária, sem nenhum estresse, tranquilona.
As plantas estão alegres com a chegada da chuva, folhas brilhando e os buganvilles estão floridos, com um vermelho diferente e me enchem de paz.
Em outras horas , a saudade chega mansinha, e se instala, é a hora que eu preciso de barulho, de risada e de casa desarrumada. Jonas viajou prá longe, a Loura me avisou que o meu Pedro comunicou que está namorando, senti um aperto no coração, treze anos é muito cedo. Matheus não vibrou muito com a noticia, são amigos inseparáveis, a Mariana caçula deixou de usar fralda e negociou a chupeta com um presente de páscoa e assim, fico aqui vivendo esses momentos de longe. Lucas está maravilhoso, dando os primeiros passos, falando os primeiros sons. Mila planejando colocá-lo na creche no próximo mês e eu torcendo para que esperem mais alguns meses. Mari e João arrumando a casa na maior alegria, as fotos do casamento foram entregues em dvd para a escolha do album, tarefa dificílima... o Daniel supera a todas as expectativas do cliente. Estão perfeitas, falam.
Quarta-feira fui com a Wal a uma celebração na Igreja do Mucuripe, ela sempre se preocupa com o meu lado religioso e dessa vez atendi o seu chamado. Valeu Wal, preciso mesmo de aprender a rezar de outras maneiras. Na sexta-feira tivemos um almoço animado. Caprichamos eu e William, atendemos a todos os gostos, do João e da Mari , da Mila e do Felipe. Ficamos cansados, falta de prática, mas foi ótimo.
Ontem foi uma festa, Meire Celi veio almoçar conosco e não contive as lágrimas de alegria, quando abri a porta e a vi andando sem a cadeira de rodas. Grande guerreira! Vieram todos, Lourdinha, Silvia, Lara e George, Mari e João, Mila, Felipe e Lucas, David e Luana, Lulu e Hesíodo, Vitor e Virna. A Tê arrasou no almoço, era todo mundo querendo as receitas, e ela fica toda feliz e nós agradecidos. Nesses encontros tenho uma saudade imensa do José Aragão, sinto como se ele estivesse por perto. É uma lembrança sem tristeza.
O almoço hoje é na Lourdinha e estaremos novamente juntos, como tantas outra vezes que nos reunimos na Semana Santa.